Diminuição da escala 6×1 pode encolher o PIB do país em 16%, aponta estudo da Fiemg

Por

Siga no

Fiemg apresenta a empresários resultados do estudo sobre a diminuição da escala de trabalho 6x1 (Reprodução / Redes Sociais)

Compartilhar matéria

O fim da escala de trabalho no regime 6×1 (seis dias trabalhados e 1 de folga) pode comprometer até 16% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional, com uma queda de até R$ 2,9 trilhões no faturamento dos setores produtivos. É o que aponta uma estudo feito pela Federação das Indústrias do Estados de Minas Gerais – Fiemg. O estudo revela ainda um cenário de aumento de custos para as empresas, perda de competitividade, elevação da informalidade e um potencial fechamento de até 18 milhões de postos de trabalho no país.

Os resultados completos do trabalho realizado pela Fiemg foram apresentados durante o evento Jornada 6×1 e os Impactos nas Relações de Trabalho. Participam do encontro entidades representativas do setor produtivo mineiro e empresários.

CONTINUA APÓS A PUBLICIDADE

Atualmente, quatro Propostas de Emenda à Constituição, que tratam da redução da jornada de trabalho brasileira, tramitam no Congresso Nacional. Três para redução da jornada para 36 horas semanais e uma para 40 horas de trabalho por semana.

Segundo o estudo da Fiemg, em um cenário hipotético analisado — que considera a redução da carga horária contratada para até 40 horas semanais, sem ganhos de produtividade — o país poderá perder até 18 milhões de empregos e ter uma redução de até R$ 480 bilhões na massa salarial. A análise parte do princípio de que a diminuição das horas de trabalho impacta diretamente a produção e, consequentemente, o número de postos de trabalho disponíveis.

Já em um cenário moderado, com aumento de 1% na produtividade, as perdas de empregos podem chegar a 16 milhões, com impacto negativo de R$ 428 bilhões na renda dos trabalhadores.

CONTINUA APÓS A PUBLICIDADE

O presidente da Fiemg, Flávio Roscoe, falou sobre os impactos negativos para a economia. “O que nós temos que esclarecer para a população, que é o ponto central, que o maior problema não é só dos empresários, é de toda sociedade brasileira”, disse Roscoe. Esse custo será transferido para a sociedade.

Flávio alertou também para os riscos que indústria brasileira enfrentará com a concorrência do produtos importados: “Nós vamos ter no caso da indústria, quando o concorrente importado estiver mais barato, ele vai ocupar o lugar da indústria nacional. Então, no caso da indústria nós vamos perder uma parcela enorme da produção nacional para os importados. Com isso, você perde toda a renda, geração de imposto, empregos, daquelas empresas”.

Segundo o estudo, em comparação com outros países é possível entender os impactos na economia brasileira com a diminuição da carga horária trabalhada. Países da América do Norte e da Europa, têm carga horária menor que a brasileira, no entanto, as taxas de produtividade são maiores. O brasileiro produz 23% do total do que um estadunidense produz. Ou seja, um norte-americano produz 4 vezes mais que o brasileiro, trabalhando menos.

Em um outro cenário, o Brasil também fica atrás, quando o assunto é produtividade. De 1994 a 2024 a taxa de crescimento da produtividade no mundo foi de 2,1%, enquanto a Brasil ficou estagnada em 0,9%.

Pequenos negócios, riscos maiores

O estudo também aponta que o fim da escala 6×1 pode estimular o aumento da informalidade no mercado de trabalho, que hoje já atinge 38,3% dos trabalhadores brasileiros. Segundo a análise, muitas empresas, principalmente as pequenas e médias, terão dificuldades para arcar com o aumento dos custos trabalhistas, o que pode levá-las a recorrer a contratações informais ou até mesmo reduzir suas operações.

Nadim Donato, presidente da Fecomércio, falou dos desafios e prejuízos para as pequenas em médias empresas. “Então, vamos trabalhar de segunda a sexta, quem vai trabalhar sábado e domingo no supermercado? Vai ter que contratar mais. Você reduziu o horário, e tem outra coisa; os que entraram também vão trabalhar em escala reduzida. As pequenas empresas, em média, elas têm entre 3 e 5 funcionários. Se você reduz a escala desses cinco funcionários, você vai ter que contratar mais dois para trabalhar no sábado. Não estou nem falando do domingo. E aí?, questionou Donato.

Produção agropecuária em queda

A redução da escala 6×1 impacta também outro importante setor da economia nacional, o agropecuário. O presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais – Faemg, Renato Laguardia, disse que setores com atividade contínua, como o da produção leiteira, serão um dos mais prejudicados.

“Nós temos que ordenhar nossas vacas no sábado à tarde, no domingo. São 365 dias que há necessidade de um trabalho contínuo. Então, o impacto e o custo seriam de 80% na atividade leiteira. No café, cairíamos 25% na produção a aumentaríamos em 30% nossos custos. Na parte da suinocultura, praticamente inviabilizaria a produção, porque já temos uma margem muito curta”, alertou Renato.

A medida ainda impacta a competitividade do Brasil no cenário internacional. Países como México, China, Índia e Vietnã mantêm jornadas de trabalho mais extensas e custos mais baixos, o que pode atrair investimentos e produção industrial, prejudicando a geração de emprego e renda no Brasil.

O estudo elaborado pela FIEMG ainda destaca que o caminho para o desenvolvimento do país passa necessariamente pelo aumento da produtividade, com investimentos em educação, qualificação profissional, inovação e melhoria do ambiente de negócios — e não pela simples redução da jornada de trabalho.

Compartilhar matéria

Siga no

Webstories

Mais de Entretenimento

Mais de Economia

Tarifa imposta por Trump pesa mais sobre mercado mineiro, afirma especialista

Entidades mineiras cobram ‘diálogo’ e ‘bom senso’ frente à tarifa de Trump

Nobel de economia diz que Trump usa tarifas para proteger ditadores

Isenção do IR merece atenção em momento de tensão econômica, analisa especialista

Estresse financeiro atinge até quem tem maior renda; economista ensina a recuperar o equilíbrio

Anúncio de tarifa de Trump sobre produtos brasileiros repercute na imprensa internacional

Últimas notícias

Mega-Sena acumula novamente e prêmio vai para R$ 38 milhões

Vice-presidente do Cruzeiro abre o jogo sobre a busca por um zagueiro

Extrajudicialização das Relações Familiares: Um Caminho para o Diálogo e a Harmonia

Nikolas Ferreira visita treino do Cruzeiro na Toca da Raposa II

Cruzeiro desiste de Gabri Martínez, mas mantém atacantes no radar

Mineira na ABL: Ana Maria Gonçalves é a primeira mulher negra a se tornar imortal

Há lista de retaliação contra EUA sem impacto na inflação, diz Haddad

Presidente Fiemg diz que Brasil ‘tem mais a perder que EUA’ e sugere acordo entre os países

Zema volta a se pronunciar sobre tarifaço e chama medida de injusta