A reunião entre o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ganhou um peso estratégico diferenciado em relação a encontros anteriores, avalia o doutor em Relações Internacionais e professor Wilson Mendonça, da Skema Business School. Para ele, o reconhecimento de Estados centrais na balança diplomática internacional ampliou a pressão sobre o governo israelense pela paz em Gaza.
Mendonça destaca que os Estados Unidos, principal aliado de Israel na região e, talvez, o único com influência direta sobre a política de segurança do país, também enfrentam pressões externas. “Grande parte da pressão vem da comunidade internacional, composta por um grupo considerável de Estados, que pede não apenas o fim da guerra, mas também o reconhecimento do Estado da Palestina”, afirmou.
O professor ressalta que Donald Trump mencionou recentemente que considera inviável a anexação da Cisjordânia por Israel, indicando uma mudança de postura em relação a medidas que vinham sendo discutidas. Além disso, há pressões internas nos Estados Unidos, de setores do Partido Republicano e de manifestantes pró-Palestina, que tornam cada vez mais complexo o apoio incondicional a Netanyahu.
Segundo Mendonça, essas pressões externas e internas indicam que posições rígidas em relação à Palestina podem se enfraquecer. “Agora fica claro que a ala que apoia diretamente Donald Trump começa a perder força frente às demandas internacionais e domésticas”, disse o professor.