O envelhecimento acelerado da população brasileira tem impulsionado a busca por residenciais voltados ao público idoso, mas o setor ainda enfrenta desafios estruturais, especialmente relacionados à qualificação de profissionais. A avaliação é de Juliana Araújo, diretora do Residencial Aquarela Sênior, que há 14 anos atua na gestão de espaços voltados ao acolhimento e cuidado de pessoas da terceira idade.
“A previsão é que daqui 25 anos a gente tenha o dobro do número de idosos que a gente tem hoje, né? Então, o mercado precisa da oferta de serviços para esse público, para esses idosos. O mercado realmente está muito aquecido”, afirma Juliana em entrevista na 98 News nesta terça-feira (1/7).
Segundo ela, a procura ocorre para perfis variados, incluindo idosos totalmente independentes e aqueles que necessitam de assistência constante.
“A gente vê uma procura muito ampliada assim, e vou dizer que para todos os tipos, todos os perfis de idosos, desde o idoso mais independente, aquele idoso que é dependente de cuidados”, explica.
Para além do acolhimento tradicional, Juliana destaca que as famílias hoje buscam por serviços mais amplos, com foco em qualidade de vida e gerenciamento de saúde. “A proposta anteriormente, né, a questão asilar, ela vinha muito em favor do acolhimento mesmo, e não pautada na saúde, é o que a gente vê hoje”, pontua.
A mudança no perfil do idoso e das famílias também transformou o imaginário popular sobre os residenciais. “Acho que mudou. Mudou muito, né? Hoje, como eu disse, a gente não somente pensa no acolhimento, a gente pensa em algo muito mais ampliado, ampliado no quesito de estrutura”, explica.
“Hoje as estruturas são maiores, são acessíveis, o que confere mais segurança e é essa procura, né, por segurança, por qualidade de vida. As pessoas procuram por um serviço diferenciado”, afirma Juliana.
Ela acrescenta que o atendimento nos residenciais exige uma equipe multidisciplinar e estrutura adequada. “Procura por uma equipe disciplinar, onde você tem pessoas multiprofissionais para atender os mais diversos tipos de demandas desses idosos e também por inovação, por uma gestão pautada na inovação, na tecnologia”, destaca.
Ainda assim, o setor esbarra em um dos seus maiores desafios: a falta de mão de obra qualificada. “Sem dúvida nenhuma, grande dificuldade é mão de obra. Mão de obra qualificada, existe uma rotatividade no setor”, relata Juliana.
Para tentar minimizar o problema, o Aquarela Sênior aposta em treinamento contínuo e ações para retenção de profissionais. “O que a gente tem feito como forma de retenção é treinamentos contínuos, aperfeiçoamento desses profissionais, desses colaboradores aqui dentro, buscando benefícios, o entendimento, né? Que acima de tudo essas pessoas têm que estar engajadas, elas têm que estar felizes com o que fazem”, completa.
Sobre o processo de entrada em um residencial, Juliana explica que o primeiro passo costuma partir do próprio idoso ou de seus familiares.
“É muito importante a gente entender esse idoso, a sua rotina, a sua demanda, as suas particularidades, antes dele chegar dentro do residencial, para que ele tenha uma boa adaptação, para que ele se sinta acolhido, se sinta seguro”, afirma.
Depois disso, a equipe multiprofissional elabora um plano individual de cuidados. “A nossa equipe multiprofissional vai trabalhar um planejamento de cuidados individualizados. E aí a gente está falando de toda uma equipe multiprofissional, com geriatras, enfermeiros, nutricionistas, psicólogos, fisioterapeutas para trabalhar a demanda específica de cada idoso”, finaliza.