O IMA (Instituto Mineiro de Agropecuária) emitiu um alerta aos produtores rurais de Minas Gerais para reforçarem a vigilância nos rebanhos diante da falta da vacina contra a raiva animal.
A doença, que atinge principalmente herbívoros como bovinos, equídeos, ovinos e caprinos, pode ser transmitida ao ser humano. A orientação é redobrar a atenção aos sinais clínicos e notificar imediatamente casos suspeitos.
Gerente de Defesa Sanitária Animal do IMA, Izabella Hergot explicou em entrevista à 98 News, nesta segunda-feira (21/7), o objetivo do informe e como os produtores rurais devem proceder diante de suspeitas.
Causa da escassez ainda não foi esclarecida
“Então, nós estamos sofrendo desabastecimento da vacina. A causa ainda não foi esclarecida pelo Ministério da Agricultura. Então, a nossa preocupação, o objetivo de encaminhar esse informe para todos os produtores é justamente porque, em função desse desabastecimento, os animais podem ficar mais suscetíveis à doença. Lembrando que a raiva é transmitida pelo morcego hematófago e, em função dessa falta de proteção, a gente pode ter um aumento de casos de raiva nos herbívoros, que seriam os bovinos, os equídeos, ovinos, caprinos.”
Quais sinais observar nos animais
“A gente quer deixar todos os produtores cientes de que, caso observem algum animal com sinal neurológico, animal em decúbito, animal com dificuldade de andar, animal que esteja engasgado, o IMA precisa ser notificado para a gente descartar a ocorrência de raiva nessa propriedade. Lembrando que a raiva é uma zoonose, ela pode ser transmitida ao homem, e por isso esse nosso cuidado”, diz Izabella.
“O que a gente pode ver, além desses sinais neurológicos, por exemplo, são sinais de esfoliação. Ou seja, quando o morcego se alimenta do sangue do animal, a gente vai perceber a mancha de sangue, às vezes no pescoço, às vezes no dorso do animal. E isso, seguido de sinais neurológicos, é um quadro clássico de raiva dos herbívoros. São esses sinais que o produtor tem que se atentar principalmente. Lembrando que ele não deve manipular os animais, né? A raiva é transmitida ao homem. Então, vendo esses sinais, o IMA deve ser imediatamente notificado. Ou um outro veterinário que já tenha costume de fazer o atendimento na propriedade.”
O que fazer em caso de suspeita
A especialista explica que o Instituto Mineiro de Agropecuária tem propriedade para fazer o processo de saneamento e controle. “Exatamente, porque aí o IMA vai até a propriedade para fazer esse saneamento, esse controle. Provavelmente a gente vai fazer uma coleta de material em situações que a gente considerar como suspeita de raiva, para ter o diagnóstico e fazer o saneamento da propriedade.”
“A raiva é uma doença que o processo em si de diagnóstico não é tão rápido assim. Daí a nossa preocupação em alertar os produtores. Para ter um diagnóstico de raiva, a gente precisa esperar o animal morrer para poder coletar o material, é o material encefálico que a gente coleta. E aí, a técnica laboratorial, quando o teste de triagem não for positivo, a gente ainda precisa passar por outras técnicas que demandam pelo menos um mês para sair o resultado.”
“Por isso que a gente precisa estar sempre monitorando para poder orientar o produtor, para proteger o produtor e ele não ter esse contato com animal. Porque gera uma ansiedade, né? Ver um animal ali em decúbito, um animal às vezes com dificuldade de deglutição, um animal com dificuldade de andar… O produtor fica naquela ânsia de poder ajudar o animal, tentar levantar o animal, tentar desengasgar o animal. Só que, infelizmente, a gente tem que aguardar esse animal ir a óbito para poder coletar o material e ter o diagnóstico final.”
Ações emergenciais e regiões prioritárias
Izabella relata ainda aumento no monitoramento das áreas com notificações de focos de raiva. “A gente aumentou o monitoramento das áreas com foco já notificado de raiva e tem feito o controle dos morcegos hematófagos, justamente visando reduzir a possibilidade de contaminação em regiões sabidamente positivas para o vírus da raiva.”
“Hoje, no nosso estado, as principais regiões seriam na região de Uberaba, no município de Carneirinho, divisa com Goiás, e no Sul de Minas, na região de Poços de Caldas, Pouso Alegre. Daí, a gente tem concentrado o maior número de atividades, principalmente com relação ao controle de morcegos hematófagos.”
Como acionar o IMA
Por fim, Izabella explica como os produtores rurais podem procurar os seviços do IMA.
“O IMA está presente em 816 municípios do estado de Minas Gerais. Todas as nossas unidades estão disponíveis no site do IMA: www.ima.mg.gov.br. Logo na primeira página do site já tem um ícone para encontrar as nossas unidades. Ali, o produtor pode digitar o município, que já direciona para o escritório responsável por aquele município. Então, nós temos o endereço, o telefone, o e-mail do escritório.”