Em entrevista coletiva realizada nesta quarta-feira (28/5), o Governo de Minas anunciou medidas para conter a propagação da gripe aviária no estado. Por meio da Secretaria de Estado de Agricultura e Pecuária (Seapa) e do Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA), o poder público esclareceu os próximos passos depois de decretar Situação de Emergência Sanitária Animal, devido ao registro de um caso em um sítio localizado em Mateus Leme, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH).
A diretora-geral do IMA, Luiza Castro, ressaltou que a primeira notificação em Minas Gerais foi em uma propriedade de rota de aves migratórias sem fins comerciais: “Envolve uma ave de vida livre. É uma propriedade conservacionista e que recebe, sazonalmente, aves migratórias. Essa contaminação, pelo nosso rastreio, veio dessa forma. Não é uma propriedade de natureza comercial, e isso quer dizer que não impacta na agricultura comercial”, afirmou.
“Nosso trabalho está voltado para evitar que essa circulação viral chegue às aves comerciais. Esse é o ponto no qual tomamos todas as nossas medidas de vigilância, mas isso já é a rotina do trabalho da defesa agropecuária: rastreio, vigilância e garantia de que a circulação viral não vai impactar na produção avícola do estado de Minas Gerais, o que temos muita segurança de que está funcionando plenamente”, enfatizou Luiza.
Entre as iniciativas apresentadas na manhã desta quarta-feira, estão medidas de biosseguridade das granjas comerciais, políticas de educação sanitária e vigilância nas propriedades classificadas como de risco, além de cadastro e vistoria em criatórios de subsistência e ações sanitárias em eventuais áreas de foco da doença.
“Estamos muito otimistas do ponto de vista de que a preservação da avicultura comercial será mantida, visto que Minas vem passando pelo momento da demanda mundial por proteína animal. Nos quatro primeiros meses do ano, tivemos um aumento de mais de 10% no volume de exportações de aves, quando chegamos a exportar 26 mil toneladas”, ressaltou o secretário adjunto da Seapa, João Ricardo Albanez.
Todas as medidas que estão sendo tomadas pelo Governo de Minas fazem parte do Plano de Contingência da Influenza Aviária de Alta Patogenicidade, firmado entre União, estados e setor produtivo, ainda em 2022, quando surgiu o primeiro foco da doença na América do Sul. Até o momento, não há qualquer comprometimento da produção avícola do estado.
Vigilância ativa
A diretora técnica do IMA, Izabela Hergot, falou sobre o trabalho de vigilância feito pelo órgão em Minas Gerais: “O que é a vigilância ativa? Quando a gente vai até a propriedade para coletar material e verificar se há o vírus circulante. Então, essa vigilância ativa, ela é feita em criatórios de subsistência, em grandes comerciais e o que a gente chama de compartimento, que são empresas que têm um grau de perigosidade elevado”, afirmou.
Em 2023, Minas Gerais já havia registrado uma ocorrência. Naquele ano, um pato de vida livre da espécie Cairina moschata foi diagnosticado com Influenza Viária de Baixa Patogenicidade (H9N2), que costuma causar pouco ou nenhum sintoma clínico nas aves e não oferece qualquer risco para os seres humanos.
“A influenza aviária é uma doença que, até maio de 2023, era considerada como exótica no Brasil. O vírus, porém, é comum em aves de vida livre, aves migratórias e em passarinhos. O que tem acontecido é que desde 2018 esse vírus ganhou uma patogenicidade maior, que tem causado uma onda de doenças, e é aí que começa a intensificação das vistorias sistematicamente nas granjas, exatamente para verificar se os produtores comerciais implementaram as medidas necessárias para a prevenção do vírus”, destacou a diretora.