O protagonismo de Minas Gerais na produção de lítio foi o centro das discussões do Lithium Business 2025, evento realizado entre os dias 8 e 10 de julho em Araçuaí, no Vale do Jequitinhonha. O estado concentra mais de 90% das exportações brasileiras do mineral e já atraiu R$ 6 bilhões em investimentos, segundo o governo mineiro.
“São R$ 6 bilhões de reais já de investimentos atraídos e que têm implicado em crescimento de abertura de empresa na região. A gente observa de fato que esse investimento tem gerado frutos.”, afirmou Frederico Amaral, secretário adjunto de Desenvolvimento Econômico de Minas, em entrevista à 98 News nesta sexta-feira (11/7).
Segundo ele, o evento foi uma oportunidade para alinhar políticas públicas com os desafios enfrentados por empresas já instaladas e por novos empreendimentos em fase de licenciamento.
“É uma oportunidade de discutirmos os desafios da cadeia produtiva do lítio, tanto com as empresas que já estão investindo na região quanto com aquelas que estão em implantação.”
“Temos dois empreendimentos já em operação, em Araçuaí e Itinga, e outros em fase de licenciamento. O evento foi importante para entendermos as necessidades dessas empresas, especialmente formação de mão de obra, desafios tecnológicos e de infraestrutura.”
Mão de obra e fornecedores locais no foco
Entre os gargalos identificados, estão a escassez de profissionais capacitados e a dificuldade de integrar empresas locais à cadeia de fornecedores.
“Isso representa uma oportunidade de fazer com que o recurso gerado permaneça na região, por meio das empresas fornecedoras de serviço. Temos um ‘para casa’ para achar os parceiros ideais e integrar essas empresas locais ao ecossistema produtivo.”
O governo quer ampliar programas como o Trilhas de Futuro, que oferece qualificação profissional para jovens em regiões estratégicas. “A nossa ideia é aprimorar ainda mais esse programa, em parceria com a Secretaria de Educação, para que a formação de mão de obra seja adequada e as pessoas da região sejam integradas nesse processo de desenvolvimento.”
Logística e infraestrutura
A logística também foi apontada como um entrave. A região precisa de melhorias em rodovias, aeroportos e rotas de escoamento da produção.
“Temos demandas para melhorias no aeroporto de Araçuaí e outras necessidades de infraestrutura. Parte da malha que atende a região é federal, então também articulamos com a União.”
“Do ponto de vista do Estado, a secretária de Infraestrutura já tem dado atenção especial à região, buscando soluções de curto prazo e menor custo de execução.”
A expectativa é que os investimentos em logística ocorram por meio de parcerias público-privadas, com participação do setor privado e articulação institucional do Estado.
Atração de investimentos e agregação de valor
Frederico destaca que o governo adota uma abordagem transversal com o programa Vale do Lítio, lançado em 2022. “Temos ações de infraestrutura, formação de mão de obra, saúde e segurança. E oferecemos segurança jurídica, apoio da Invest Minas e uma estrutura de licenciamento ambiental sólida.”
“A Fundação de Amparo à Pesquisa (Fapemig) já investiu mais de R$ 11 milhões em pesquisas voltadas à agregação de valor do lítio.”
Empresas nacionais e internacionais
Minas tem atraído tanto empresas brasileiras quanto multinacionais. A região conta com operações de empresas como CBL, Sigma e CBR, além de grupos internacionais em fase de instalação.
“Temos empresas mineiras com presença histórica na região e novas empresas com capital nacional ou internacional que compartilham da visão de desenvolvimento sustentável do governo. Todas estão recebendo nosso apoio.”
Apesar do otimismo, o secretário reconhece que agregar valor ao mineral — especialmente com a produção de baterias — ainda é um desafio tecnológico e de mercado.
“Temos otimismo de conseguir maior agregação de valor na cadeia produtiva do lítio. Mas há fatores tecnológicos e de demanda global, como o mercado de baterias, que são desafios não só de Minas, mas do Brasil.”