Mais uma vez os ex-governadores Aécio Neves (PSDB) e Fernando Pimentel (PT) se juntaram em uma aliança. Desta vez em uma carta com críticas ao governador Romeu Zema (Novo) pela decisão de permitir que o Palácio da Liberdade fique disponível para ser alugado. No documento conjunto divulgada pelos dois, além dos ex-governadores Antonio Anastasia (PSD) e Eduardo Azeredo (PSDB), eles se disseram “surpresos”, afirmando que haverá “banalização” do espaço para pessoas “abastadas”.
No documento (leia na íntegra abaixo), os ex-governadores pedem que o governador Romeu Zema reconsidere a decisão porque os eventos que passariam a ser permitidos com a legislação editada pela gestão atual permitiria “eventos particulares, sem qualquer traço de interesse público, como casamentos, aniversários e coquetéis empresariais”.

A reportagem da 98 News entrou em contato com o governo de Minas e aguarda uma posição sobre a carta dos ex-governadores.
Leia a íntegra da Carta:
Exmo senhor Romeu Zema
Governador do Estado de Minas Gerais
O Palácio da Liberdade é o mais icônico edifício de Minas Gerais. Certamente, no Brasil, entre tantas sedes de governos estaduais, nenhuma delas representa valores tão arraigados de tradição, cultura e identidade cívica quanto o nosso Palácio da Liberdade. Não somente é um bem tombado pelo Patrimônio Histórico do Estado, mas, em nível muito mais elevado, é a representação física da história política da Minas republicana. Certamente, sua singularidade o diferencia de todos os demais bens do Estado.
Sendo assim, foi com inegável surpresa que tivemos conhecimento da decisão governamental no sentido de autorizar a locação comercial do Palácio da Liberdade para “eventos particulares, sem qualquer traço de interesse público, como casamentos, aniversários e coquetéis empresariais”.
Tal deliberação, a nosso ver, macula as mais legítimas tradições de nossa história política, pois o símbolo máximo do Poder Público do Estado deixa a sua função essencial e se transforma em cenário de exibição de interesses privados. É fato que o Palácio da Liberdade já serviu de palco para diversas manifestações culturais, sociais e gastronômicas, mas todas elas de iniciativa oficial e com reconhecido caráter de interesse público.
Ao permitir a locação particular, destinada a pessoas abastadas, que possam arcar com os seus custos, seremos testemunhas da banalização do edifício sede da identidade de Minas Gerais como Estado federado, repleto das mais reconhecidas tradições e memórias de nossa gente. Em outras palavras, na prática, assistiremos à privatização do uso do Palácio, na contramão do simbolismo adquirido pela edificação ao longo da história, qual seja, o de representar, com altivez, a defesa dos valores de Minas.
Independentemente de qualquer posicionamento político, partidário ou ideológico, os quatro remanescentes ex-governadores de Minas Gerais expressam, com o devido respeito, a grave preocupação com este fato, solicitando a reflexão sobre suas consequências, especialmente as simbólicas, em relação, sobretudo, ao sentimento maior de mineiridade, na esperança da reversão desta decisão.
Cordialmente,
Eduardo Azeredo, Governador de 1995 a 1998
Aécio Neves, Governador de 2003 a 2010
Antonio Anastasia, Governador de 2010 a 2014
Fernando Pimentel, Governador de 2015 a 2018