O governo do Texas entrou com um processo contra as empresas Johnson & Johnson e Kenvue, responsáveis pela produção do Tylenol nos Estados Unidos. O procurador-geral Ken Paxton afirma que o medicamento teria sido “deceptivamente comercializado para gestantes” e que os fabricantes ignoraram riscos neurocognitivos ligados ao uso de acetaminofeno, substância ativa do remédio.
A ação foi movida após declarações do presidente Donald Trump, que afirmou que gestantes deveriam “lutar para não usar Tylenol” e sugeriu uma relação do medicamento com autismo e TDAH.
A acusação cita estudos que associariam o uso de acetaminofeno durante a gravidez ao aumento de diagnósticos de autismo. O processo também afirma que a Johnson & Johnson teria transferido responsabilidades legais para Kenvue para evitar futuras indenizações.
A comunidade médica reagiu. Organizações de obstetras e especialistas em medicina fetal afirmam que não existem provas de que o paracetamol cause autismo. Segundo o American College of Obstetricians and Gynecologists, “não há evidência clara que comprove relação direta entre o uso prudente de acetaminofeno na gestação e problemas no desenvolvimento fetal”.
Estudos citados por autoridades americanas mostram resultados conflitantes: alguns apontam correlação, outros descartam causa e efeito. O maior estudo até agora, com 2,5 milhões de crianças na Suécia, não encontrou relação causal.
A Kenvue, atual proprietária do Tylenol, afirma que o medicamento “é o analgésico mais seguro para gestantes” e diz que defenderá o produto na Justiça. “Estamos profundamente preocupados com a desinformação sobre a segurança do acetaminofeno e com o impacto disso na saúde de mulheres e crianças”, disse a empresa.
Anvisa se posiciona no Brasil
A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) também se posicionou logo que os primeiros rumores de que o paracetamol, o composto do Tylenol, provocaria autismo começaram a surgir. Em nota, emitida em setembro deste ano, o órgão brasileiro afirmou que o paracetamol é “de baixo risco” e que “não há registros no país de eventos adversos relacionados ao uso na gravidez que indiquem conexão com autismo”.
Para a agência sanitária, o medicamento continua sendo indicado para febre e dores leves a moderadas durante a gestação.
