Uma espécie de peixes flagrados no Mato Grosso do Sul tem levado ‘ao pé da letra’ a expressão “nadar contra a corrente”. Em vídeo registrado por policiais militares ambientais, os animais aparecem “lutando” contra a água e escalando rochas de até quatro metros. O exercício chamou a atenção de cientistas da universidade federal do estado, que pesquisam o fenômeno desde então.
Popularmente conhecida como bagre-abelha (Rhyacoglanis paranensis), a espécie foi primeiro registrada na Cachoeira do Sossego, em Corguinho. Os vídeos chegaram até pesquisadores da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), que foram até a região. Por lá, eles encontraram centenas de indivíduos da espécie “praticando a escalada”.
O fenômeno acabou virando objeto de um estudo publicado na Journal of Fish Biology, periódico internacional que trata de aspectos da biologia de peixes e pesca. De acordo com o trabalho, este é o primeiro registro de escalada em massa entre animais da família Pseudopimelodidae.
“Esses achados destacam a importância das observações de campo para entender o papel ecológico e as necessidades de conservação dos pequenos peixes migratórios”, pontuou a equipe do Instituto de Biociências da UFMS, responsável pelo trabalho.
E como o peixe escala?
De acordo com o estudo, o bagre-abelha é acostumado a viver em rios com correnteza e fundo rochoso. No corpo, que pode chegar a nove centímetros, ele traz manchas escuras e escamas claras, além das nadadeiras que ajudam na escalada registrada.
O passeio pelas rochas exige muito mais que isso, no entanto. Conforme a publicação, o animal parece formar uma cavidade entre o corpo e a rocha, criando pressão negativa que ajuda na fixação. Apesar de curioso, o comportamento também é praticado por outras espécies.
O motivo da escalada seria a reprodução da espécie. De acordo com os pesquisadores, acredita-se que a migração em massa estaria ligada à época de desova.
O artigo completo da UFMS está disponível na edição de agosto da Journal of Fish Biology.