Novo presidente da AMM (Associação Mineira de Municípios), o prefeito de Patos de Minas, Luís Eduardo Falcão, concedeu entrevista nesta sexta-feira (11) ao jornalista Paulo Leite, no Central I. Durante o bate-papo, Falcão falou sobre o fortalecimento do municipalismo, os desafios dos pequenos municípios e a atuação da AMM.
Questionado por Paulo Leite sobre a representatividade da AMM, que conta com 818 dos 853 municípios mineiros associados, Falcão explica que é necessário aproximar quem paga a conta, os cidadãos nos municípios, dos responsáveis pelas decisões. “Eu costumo dizer que quem paga a conta está muito distante de onde a decisão é tomada. Se 70% do recurso está lá em Brasília, e aqui no governo do Estado cerca de 20%, sobra muito pouco para os municípios e quem paga a conta está no município”.
“O emprego é gerado ali, os problemas acontecem ali, a consulta, a cirurgia, a creche, a falta de vaga na creche, a estrada rural que precisa ser arrumada, a infraestrutura, a rua com buraco, enfim. E o prefeito ou a prefeita é que é cobrado em relação a isso o tempo todo”, pondera Luís Eduardo Falcão. Ele ainda ressalta que “Minas são muitas”, citando Guimarães Rosa, e que sua gestão à frente da AMM busca um olhar direcionado às particularidades e necessidades de cada cidade mineira.
“Quando a gente fala em necessidade dos municípios, a gente entende, por exemplo, a transformação até da mentalidade de prefeitos e prefeitas desses municípios. Durante muito tempo, quando um prefeito queria ser eleito, ele dizia eu vou trazer uma indústria para o meu município. Hoje, industrializar um município pode ser, inclusive, um risco para o próprio município. Cada região de Minas tem a sua própria peculiaridade, cada cidade tem o seu próprio perfil. Nós temos muitos municípios mineradores, mas nós temos também municípios fortes no turismo. O meu triângulo, Alto Paranaíba e Noroeste, lá tem outra característica, região norte de Minas, zona da mata, totalmente diferente. Aqui na metropolitana, os problemas já estão mais baseados na questão da mobilidade urbana, segurança pública”, diz ele.
Luís Eduardo Falcão ainda falou da importância de respeitar cada prefeito e suas ideologias. “Então, cabe à AMM receber todas essas demandas, organizá-las, trabalhá-las da forma mais estratégica possível, respeitando a individualidade, a característica de cada município. E até mais do que isso, respeitando o partido de cada prefeito, a ideologia, já que a instituição precisa ser preservada, e o meu partido, a minha ideologia, essa disputa fica lá no meu município, lá na associação, a gente precisa trabalhar para todos”.
Um dos desafios da AMM sob a gestão de Falcão será rever os critérios de distribuição do fundo de participação dos municípios. Segundo ele, cidades menores não atingem os índices do fundo e acabam recebendo recurso vinculado da União e do Estado, o que não oferece margem para atendimento de demandas importantes. “Seja um calçamento, uma pequena pavimentação, muito menos construir um posto de saúde. Então esses prefeitos, eles não têm estrutura que tenha uma cidade média ou grande, eles precisam também de assessoria técnica, de suporte na área da educação, da saúde, de finanças, orçamento”, lista o presidente da AMM.