As críticas ao governo federal na definição dos prazos de análise das empresas mineiras que podem ser federalizadas no âmbito do Propag foram reforçadas pelo vice-governador do estado, Mateus Simões (Novo), em Brasília, após reunião com agentes do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) nesta quarta-feira (4/6).
Em entrevista para a 98 News, Simões voltou a dizer que o BNDES não vai conseguir cumprir os prazos estabelecidos pelo Ministério da Fazenda para avaliação dos bens que Minas deseja repassar à União, e criticou as tratativas com o governo federal.
“Saio de Brasilia com a sensação de que estamos conversando com umas três cabeças diferentes. O governo federal é que propôs a iniciativa, a lei foi sancionada pelo presidente, o decreto regulamentador feito pelo ministro Haddad, fixando o prazo, 30 de outubro, para que possamos apresentar os ativos que podem ser federalizados. E final de dezembro para acabarmos de assinar o Propag. Ano que vem, ja precisamos pagar a dívida dentro da nova regra. E saio do BNDES com a notícia de que ele não consegue fazer a análise dentro desse prazo.
Simões diz acreditar que não é má vontade, e sim uma questão técnica, mas destaca que o governo de Minas não tem mais tempo.
“O credor, que é o governo federal, está nos apresentando um benefício, essas federalizações, que é a entrega de bens para a União. Mas só prazo que ele me dá, ele mesmo não consegue cumprir. É de tirar a esperança de que as coisas possam funcionar”, ressalta.
Críticas do PT
Refletindo sobre possíveis alternativas, o vice-governador afirmou que existe uma possibilidade da entrega dos bens se souber o valor ao final da negociação, assim como é possível que o governo altere o decreto para que ativos, ora entregues inicialmente, possam ser devolvidos.
Simões destacou, porém, que os projetos de lei sobre a federalização de Cemig e Copasa ainda estão em tramitação na Assembleia do estado, o que amplia a necessidade de que essas votações avancem no legislativo.
Questionado ainda como tem sido o diálogo com a oposição e com os deputados para votação dos 14 projetos do Propag que estão em tramitação na Assembleia Legislativa do estado, o vice-governador elogiou o trabalho dos parlamentares e disse que a velocidade não o preocupa.
“As votações dos projetos do Propag na ALMG estão em um ritmo que atende e que permite que essas proposições cheguem em outubro aprovadas. O que estou preocupado é com os projetos que nem começaram a ser discutidos que tratam de Cemig, Copasa e do referendo. O fato curioso é que Minas deve por conta dos erros do passado na construção dessa dívida. Quem é que é credor é o PT, o governo federal. Quem é que criou a regra para que tenha os descontos é o PT. Quem é que fixou os prazos é o PT e quem está atrapalhando os prazos é o PT. O PT também precisa fazer uma conversa com o PT nacional para que colaborem com a votação em Minas Gerais. Afinal de contas, vai ser uma desmoralização para o presidente Lula e para o senador Rodrigo Pacheco se o PT embaralhasse a votação de um projeto que eles defenderam com ardor em Brasília”, concluiu.