A chegada do período de ventos fortes em Minas Gerais reaquece uma brincadeira tradicional entre crianças e adolescentes: soltar pipa. Mas quando essa prática é feita perto da rede elétrica, os riscos são altos — e os prejuízos, também.
De janeiro a maio deste ano, 248 mil unidades consumidoras ficaram sem energia em todo o estado por causa de ocorrências envolvendo pipas. Foram 853 registros em 2025. Na Região Metropolitana de Belo Horizonte, 147 mil imóveis foram afetados em 428 incidentes.
No ano passado, o problema foi ainda maior: 2.664 ocorrências em Minas, com impacto direto para 765 mil clientes. Somente na Grande BH, 413 mil unidades ficaram sem luz após 1.141 acidentes com pipas.
Choques de até 13.800 volts
Segundo a Cemig, a brincadeira deve ser feita longe da rede elétrica e, preferencialmente, em áreas abertas, longe do perímetro urbano.
“Atualmente, com a grande quantidade de redes de distribuição nos centros urbanos, a brincadeira de soltar pipas ficou inviável nesses locais. Caso a pipa fique presa em um componente da rede elétrica, a pessoa pode sofrer um choque de até 13.800 volts. Por isso, é fundamental que os pais orientem seus filhos para evitar acidentes que podem até levar a óbito”, alerta César de Jesus Souza, técnico de Segurança da companhia.
Nunca tente resgatar a pipa
Outro ponto de atenção é o risco ao tentar soltar pipas presas nos fios. A recomendação da Cemig é clara: não tente resgatar o brinquedo. O risco de choque elétrico é alto, mesmo que a rede aparente estar desligada.
“As redes de distribuição, de transmissão e as subestações da Cemig são construídas dentro dos padrões das normas técnicas brasileiras, com características e distanciamento que garantem segurança. Dessa forma, a aproximação indevida e o uso de cerol e linha chilena têm sido os principais causadores de acidentes com a rede elétrica da companhia”, afirma Souza.
Cerol e linha chilena são proibidos em Minas
A Lei Estadual 23.515/2019 proíbe o uso, fabricação e venda de cerol e linha chilena. A legislação vale para todo o estado desde dezembro de 2019.
Quem for flagrado usando linha com cerol pode pagar multa de R$ 5.531,00 — valor que pode chegar a R$ 276 mil em caso de reincidência. Quando a linha cortante estiver com crianças ou adolescentes, os pais ou responsáveis serão notificados, e o caso será encaminhado ao Conselho Tutelar.
Além dos riscos de acidentes com a rede elétrica, essas linhas cortantes também colocam pedestres, ciclistas e motociclistas em perigo.
“Quando alguém utiliza uma linha cortante, ela pode cortar os cabos de energia e causar acidentes graves para quem está soltando ou para outras pessoas. Nunca se deve usar cerol ou linha chilena nesse tipo de brincadeira”, reforça César de Jesus Souza.