Siga no

Ônibus de Belo Horizonte
Projeto de lei que institui a Tarifa Zero tramita na Câmara (PBH / Divulgação)

Projeto de lei que institui a Tarifa Zero tramita na Câmara (PBH / Divulgação)

Compartilhar matéria

A vereadora Iza Lourença (PSOL) afirmou que a proposta de Tarifa Zero já conta com o apoio popular, de empresários e da maioria dos vereadores da Câmara de Belo Horizonte. Segundo ela, a medida pode ser implantada gradualmente, tem base em experiências de outras cidades e garante um modelo de financiamento justo. O desafio, agora, é construir um acordo com a prefeitura.

“Eu fico muito feliz que a pauta da Tarifa Zero tenha tomado conta da cidade. Num contexto em que a política discute coisas que não impactam em nada a vida concreta do cidadão, fico feliz que a gente tenha conseguido trazer essa pauta com força, falando assim: como podemos melhorar a nossa cidade para a população?”

CONTINUA APÓS A PUBLICIDADE

Modelo prevê contribuição de empresas

De acordo com a vereadora, a proposta prevê a substituição do vale-transporte por uma contribuição patronal por trabalhador. O valor estimado é de R$ 185 por mês por funcionário, o que, segundo ela, seria inferior ao custo atual do benefício.

“Nos nossos cálculos, essa contribuição seria menor do que as empresas pagam hoje de vale-transporte. Se a gente pegar só a contribuição dos empregadores em Belo Horizonte, no valor de R$ 185 por trabalhador, teríamos um fundo de R$ 2 bilhões. Isso é mais do que suficiente para pagar o custo do transporte hoje, que é de R$ 1,8 bilhão.”

CONTINUA APÓS A PUBLICIDADE

Ela explica que o projeto precisa ampliar a base de contribuintes, uma vez que o atual sistema penaliza os trabalhadores com menores salários. “Hoje quem contribui mesmo para o sistema funcionar é o trabalhador de menor salário, porque ele tem o desconto de 6%. Por exemplo, a Universidade Federal de Minas Gerais contribui muito pouco com vale-transporte, porque os salários lá são altos. Nós achamos que sim, a UFMG precisa contribuir para o transporte público.”

Pequenas empresas serão isentas

Segundo Iza, a proposta isenta micro e pequenos empreendimentos. Apenas empresas com mais de nove funcionários pagarão a contribuição, e o pagamento só começa a partir do décimo empregado.

“Isso é inclusive para incentivar o pequeno comerciante. A situação de uma família que trabalha ali, três pessoas, nós achamos que não tem que entrar entre os contribuintes. Até nove funcionários, não paga nada.”

CONTINUA APÓS A PUBLICIDADE

“Nas cidades que têm tarifa zero, o número de empregos formais aumenta, porque as pessoas conseguem contratar mais.”

Prazo de transição será de até 4 anos

A proposta prevê um prazo de quatro anos para implantação total da tarifa zero, considerando a capacidade do sistema de transporte e o vencimento do contrato atual com as empresas de ônibus.

“A gente acha que precisa de prazo, não tem condições de ser da noite para o dia. A demanda aumenta muito, e você não tem ônibus suficiente. Não queremos precarizar o sistema.”

CONTINUA APÓS A PUBLICIDADE

A transição poderá priorizar determinados grupos sociais ou horários fora do pico, como o noturno. “Até que a gente dê conta da demanda no horário de pico, podemos pensar numa tarifa zero que começa a ser aplicada em outros horários”, defende.

Região metropolitana e equilíbrio fiscal

Questionada sobre o impacto para moradores da Região Metropolitana, a vereadora admite que o projeto tem limitações legais, mas vê espaço para negociação na regulamentação.

“A prefeitura pode, por exemplo, isentar o empregador da contribuição quando o funcionário ainda precisa pagar a passagem por morar em outra cidade. Podemos chegar a um texto comum.”

CONTINUA APÓS A PUBLICIDADE

Diálogo com a prefeitura e empresários

Segundo Iza, o projeto já foi apresentado a secretarias da prefeitura e ao Codese, conselho que reúne empresários de diferentes setores. O principal entrave, hoje, seria o convencimento do prefeito.

“Eu entendo que às vezes assusta. Pode assustar o prefeito, pode assustar o secretário de Governo que, no primeiro momento, fala: ‘Opa, isso não é possível’. E aí ele me pede estudos. Eu falo: ‘Tudo bem, eu entrego estudos, eu não tenho problema com isso, não’.”

Ela cita pesquisas da UFMG e da FGV que indicam benefícios como aumento do número de empregos formais e redução de poluentes.

“Os ouvidos foram muito abertos. Teve pessoas que falaram: ‘Eu estava receoso com essa proposta, mas agora, com essa explicação, eu entendi que é viável’.”

Iza compartilhou uma experiência pessoal para ilustrar a importância do acesso gratuito ao transporte.

“Quando eu era criança, meu sonho era ser atriz. Passei numa seleção para o teatro do Palácio das Artes. Mas minha mãe falou: ‘Não vai dar para você fazer o curso, porque eu não tenho dinheiro da tarifa’. E eu não fiz.”

Ela acredita que, uma vez convencido o empresariado, a proposta se tornará viável para todos os lados. “As pessoas querem poder estudar, praticar esporte, ir ao teatro. Às vezes, não acreditam que seja possível, mas a população é a favor.”

“Todo prefeito que aplica a tarifa zero na sua cidade é reeleito com o máximo de aprovação.”

Novo modelo de concessão

Por fim, a vereadora defendeu que o novo contrato de concessão de transporte público em BH deve adotar o pagamento por quilômetro rodado, e não por passageiro.

“O que faz os ônibus circularem lotados é que, quanto mais pessoas dentro do ônibus, mais a empresa recebe. Mas a gente já tem uma lei aprovada na Câmara que muda isso. Zerar a tarifa é a forma de aplicar essa lei.”

Compartilhar matéria

Siga no

Roberth R Costa

Atuo há quase 13 anos com jornalismo digital. Coordenador Multimídia. Rede 98 | 98 News

Webstories

Mais de Entretenimento

Mais de Notícias

Após dois dias de força-tarefa, jacaré ferido é resgatado em Lagoa Santa

Plano de contingência ao tarifaço deve sair até terça, diz Alckmin

Mega-Sena não tem ganhadores e prêmio acumulado vai para R$ 9 milhões

‘A construção de novas estradas em MG está parada há décadas pela espera de licenças ambientais’, diz ex-secretário de Meio Ambiente

Hugo Motta diz que avalia punição a deputados que ocuparam Mesa da Câmara: ‘se excederam’

Dia dos Pais: economista revela como identificar ‘armadilhas de preços’ em lojas

Últimas notícias

Lula recebe equipe de O Agente Secreto e destaca papel da cultura

Villalba se declara após gol marcado e classificação: ‘o Cruzeiro mudou minha vida’

Leonardo Jardim celebra classificação, mas classifica Copa do Brasil como ‘secundária’ para o Cruzeiro

‘O Cruzeiro está acima de qualquer jogador’: Cássio comemora classificação e exalta força do elenco

Cruzeiro vence o CRB e está nas quartas de final da Copa do Brasil

Taxa para registrar marca no Brasil sobe e pode chegar a R$ 1.720

Indústria mineira mantém resiliência no 1º semestre de 2025, diz FIEMG

Paulo Assis é apresentado no América e diz: “Minha principal função vai ser na beirada do campo”

Alckmin se reúne fora da agenda com representante da embaixada dos EUA