Uma maneira de conhecer um pouco mais sobre a Estrada Real é debruçar-se sobre sua história. A riqueza do roteiro vai muito além das paisagens, das construções e da culinária. A Estrada Real reúne grandes personalidades, que escreveram as páginas da história durante o período em que viveram.
Personalidades, como Joaquim José da Silva Xavier – Tiradentes, Chica da Silva, Antônio Francisco Lisboa – o Aleijadinho, Manuel da Costa Ataíde, Afonso Pena, Israel Pinheiro, entre outros, ganharam fama pelos seus feitos em nossas terras.
Na história mais recente temos personagens que fizeram e fazem a história acontecer. São artesãos, artistas populares, contadores de histórias, cozinheiras criativas, pintores, artistas plásticos, que usam a cidade como tema e lutam para preservar importantes bens culturais.
Uma interessante forma de saber mais sobre os caminhos da Estrada Real e conhecer esses personagens é conversar com os moradores locais. O olhar atento do visitante permite perceber a maneira como eles perpetuam o ritmo de vida secular, diferente em essência do que ocorre nas metrópoles.
Os personagens atuais dos caminhos da Estrada Real são rostos familiares, simpáticos, que não economizam sorrisos para quem chega.
No encantador vilarejo da Chapada, próximo a Lavras Novas, o Zé Loreto, com a típica hospitalidade mineira, recebe em sua casa turistas e visitantes para apreciarem o famoso torresmo, feito a mais de 30 anos. Ele começou a fazer torresmo em casa e depois passou a servir os amigos, que sempre sugeriram que começasse a produzir a iguaria para vender. A sugestão foi acatada e hoje o Torresmo de Zé Loreto, como é conhecido, encanta moradores e turistas.
No distrito de Cocais, durante gerações, os familiares do José Roberto de Almeida, proprietários da área onde fica o Sítio Arqueológico da Pedra Pintada, ignoraram o valor das figuras desenhadas há cerca de 6 mil anos no paredão de rocha, mas as mantiveram quase intactas. Quando ficaram sabendo que as pinturas constituem um raro patrimônio cultural, passaram a conservá-las com muito zelo.
A tradição de mais de 40 anos de canudinhos de doce de leite, feitos no tacho de cobre, do Chico Doceiro, encontrou no filho José o melhor herdeiro. Falecido em 2017, Francisco de Paula Xavier, o Chico Doceiro, como era conhecido, deixou seu legado aos filhos que hoje mantêm vivas em Tiradentes, as receitas dos doces de seu Chico. A loja, um lugar simples e aconchegante, com doces dos mais variados tipos, é uma tradição e parada obrigatória dos turistas que visitam a cidade.
Chico Doceiro – Foto: Douglas Alves (Flickr)
O artista plástico Antônio Marcus de Paula, ou simplesmente Tunico dos Telhados, retrata, com seus traços fortes, os telhados da cidade de Ouro Preto de forma ímpar. Sua obra é o cartão-postal da cidade e é um pouco de arte e inspiração dos telhados de Ouro Preto.
O movimento, as formas e as cores dos telhados de Tunico levam o público a ver Ouro Preto de cima, em um ângulo novo e próprio do artista.
Tunico dos Telhados – Foto: Walter Vinagre (Flickr)
Alguns personagens já estão na história recente da Estrada Real e são literalmente símbolos, através de estátuas e receitas, sendo inspirações de gentileza e sabedoria compartilhadas.
Graças à sabedoria do frei Rosário Jofylly – que foi reitor, por 51 anos, do Santuário de Nossa Senhora da Piedade -, um novo método para tratar a maturação do queijo mineiro surgiu da combinação entre cuidado, fé e o clima da Serra da Piedade, deixando aos seus seguidores uma receita miraculosa. O queijo desenvolvido por Frei Rosário, eremita e “guardião” da Serra da Piedade, é maturado em caverna, a 1746 metros de altitude. O resultado é um produto diferenciado, de sabor sublime.
Juquinha e Dominguinhos, são personagens de inúmeras lendas na região da Serra do Cipó, porém, suas vidas e histórias são reais, e as homenagens que receberam, em forma de estátuas são pontos turísticos mais visitados da região.
José Patrício, ou Juquinha, era um andarilho que vivia nas montanhas de Santana do Riacho, e colhia flores e as dava aos turistas em troca de roupas ou comida, ou qualquer outro objeto, o importante era a interação. Sua forma simples de conviver junto á natureza, e o apego às montanhas onde vivia, fez de Juquinha uma figura extremamente popular e querida.
Dizem às lendas que mamou na loba, que comia escorpiões, que já fora picado por mais de cem cobras e que tinha mais de cem anos… Seu Juquinha é a própria lenda da Serra do Cipó.
O eremita Domingos Albino Ferreira, conhecido como Dominguinhos da Pedra, ficou conhecido nacionalmente, por viver em uma caverna. Viveu 42 anos numa toca de pedra, nas proximidades de Itambé do Mato Dentro, cuja história foi transformada em vários filmes, alguns de sucesso.
Dominguinhos da Pedra se tornou personagem de dezenas de reportagens, em várias partes do mundo, e também virou filme: A Alma do Osso, documentário de Cao Guimarães.
Personagens com trajetórias únicas e que representam a cultura da Estrada Real. Não perca a oportunidade de visitar esse patrimônio, venha para a Estrada Real. Estrada Real: Uma estrada, seu destino!