Roteiro Gastronômico da Estrada Real: Receitas Tropeiras

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Redação

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Bambá de Couve - Acervo IER

As receitas são escritas em cadernos, lidas, passadas de boca em boca, e refletem herança vinda de famílias, fortalecidas de geração em geração. Muitas, com algumas mudanças e adaptações, de acordo com a sobrevivência, mas recheadas de influências, trabalhadas em trempes e fogões a lenha. No cozimento, o sabor exala cultura e resgata tradições.

A cozinha da tropa percorreu os caminhos da Estrada Real epara facilitar o transporte das longas viagens, a comida tropeira tinha que ser mais seca. Carnes salgadas, guardadas em recipientes com gordura para melhor conservação. O feijão tropeiro circulou pelos sertões de Minas Gerais. Cozido em caldeirão de ferro, podia ser armazenado e carregado pelos viajantes.

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A culinária feita nas fazendas eram a soma da criatividade e de poucos recursos na senzala, uma delas é a Vaca-atolada. Depois de separada da carne, os ossos eram descartados na cozinha da Casa Grande e as escravas aproveitavam esses ossos e faziam um caldo suculento, e para engrossa-lo, a mandioca.

Nesses caminhos de idas e vindas, dos quais se ocupavam por dias, ao fazerem seus pousos, os tropeiros, essa figura peculiar, mas de fundamental importância na construção da Estrada Real, ao redor do fogão improvisado, implantam pratos que hoje conquistam paladares exigentes.

Não é de outro lugar nem de outro tempo o feijão tropeiro, o bambá de couve, o virado, o frango ao molho pardo, a costelinha com ora-pro-nóbis, a jacuba, o cubu.

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Neste roteiro, listamos lugares onde é possível degustar essa arte culinária, rica em sabores e sensações.

Começamos pelo resgate e preservação da memória das tradições tropeiras. Referência internacional em homenagem aos condutores de tropas, o Museu do Tropeiro, em Ipoema, distrito de Itabira,possui mais de 500 objetos que resgatam os valores da cultura tropeira, sala de artesanato, multimeios e rancharia.

Os utensílios de cozinha são uma atração à parte pela beleza, rusticidade e principalmente pela criatividade de algumas peças que ainda são objetos de cobiça até os dias de hoje, cujas cópias são encontradas nas casas de muitos mineiros.

A Roda de Viola – Sob as Bênçãos da Lua Cheia, é uma festa ao ar livre, com shows de, que acontece mensalmente no Circuito Cultural da Lua Cheia. Após o acendimento da fogueira dos tropeiros acontecem apresentações culturais, com Estaladores de Chicotes, Trovadora e as Lavadeiras de Ipoema. A festa é encerrada com muita moda de viola de qualidade para alegrar os dançarinos de plantão.

Em Conceição do Mato Dentro, o fubá suado é uma receita histórica da região, e era muito utilizada pelos trabalhadores do campo que levavam para as roças, enrolados no pano, o alimento preparado com fubá de “munho”, banha de porco, ora com rapadura, ora com queijo, para dar “sustância”. O turista pode se deliciar com essa delícia no café da manhã das pousadas locais e depois aproveitar o dia nas trilhas e cachoeiras da região.

Fubá Suado – Foto: Acervo IER

O bambá de couve, feito com o mingau de fubá que sobrava das casas grandes, pedaços rasgados de couve e incrementado com pedaços menos nobres da carne de porco,nasce como combinação perfeita de sabor, simplicidade e nutrição. Um prato tradicionalmente feito nas casas mineiras, mas que remete a cidade histórica de Ouro Preto. Um prato tradicional da Casa do Ouvidor e que conquista quem passa pela rua através do cheiro e fideliza pelo sabor.

Centenas de quitandeiras de Itabirito produzem os mais gostosos pastéis de angu, com variados recheios, como umbigo de banana, bacalhau, além dos tradicionais carne e queijo. O turista pode se deliciar com o quitute, que celebra a cultura e a identidade gastronômica local, e aproveitar para explorar as prateleiras da Mercearia Paraopeba, um mergulho no passado, com seus sabores, seus saberes e suas tradições.

Vem de Congonhas o tradicional cubu, uma broinha feita em folha de bananeira, que pode ser encontrada nas feiras da cidade, que ocorrem nas sextas e sábados em frente a prefeitura. É também uma das receitas mais famosas do Festival da Quitanda, tradição que reúne anualmente quitandeiras para preparação desses e outros sabores, servido gratuitamente.

Cubú – Foto: almanaqueculinario.com.br

Da necessidade de ter comida e conservá-la por muito tempo originou-se técnicas rústicas de armazenamento. Uma dessas técnicas é a carne na lata. A única gordura que usavam naqueles tempos era a de porco e já era de conhecimento que a banha do porco não perecia rapidamente e ainda conservava o que era misturado a ela.

Uma visita imperdível na Estrada Real para degustar essa iguaria é em Carrancas, onde os restaurantes da cidadepreservam a arte dos fogões e produzirem as mais genuínas carnes na lata, que contam importante história de nossa culinária tropeira.

Com tanto sabor e diversidade, degustar esses pratos, representantes da culinária tropeira, é provar as mesmas sensações de outrora, que garantiram a sobrevivência desses sabores únicos! Estrada Real: Uma estrada, seu destino!

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