Um levantamento do Sebrae mostrou um salto expressivo na presença de mulheres fundadoras de startups no Brasil. Entre as empresas atendidas pela plataforma Sebrae Startups, a participação feminina passou de 8,6% em 2023 para 30,2% em 2024. O estudo considera mais de 18 mil startups em todo o país e revela que programas de formação, mentorias e conexões regionais têm sido decisivos para essa transformação.
Para entender o cenário, a 98 News conversou com Carla Batista, analista do Sebrae Minas. Segundo ela, o crescimento acompanha um movimento global, mas o Brasil apresentou um avanço ainda mais acelerado. “Na Europa e nos Estados Unidos, a média de participação feminina foi de 7% para 14%. Aqui, praticamente triplicamos”, afirma.
Educação e programas de aceleração impulsionam crescimento
Carla explica que a formação acadêmica tem papel fundamental nesse avanço. “Hoje, as mulheres têm 20% mais escolaridade de nível médio e superior em relação aos homens, e essa diferença chega a 15 pontos percentuais quando falamos de mestrado e doutorado. Muitos negócios inovadores nascem de universidades e centros técnicos”, destaca.
Desafios estruturais e culturais
O crescimento da presença feminina em startups ainda esbarra em barreiras de acesso a recursos e de representatividade nos espaços de decisão. “As fundadoras recebem 14% menos em aportes e ainda temos baixa presença de mulheres em cargos de diretoria (61%) e em conselhos (37%)”, aponta Carla.
No campo cultural, há obstáculos como a síndrome da impostora e estereótipos de gênero. “Mesmo com maior escolaridade, muitas mulheres ainda duvidam do próprio potencial. Por isso, é fundamental buscar redes de apoio, mentorias e programas de aceleração que fortaleçam a confiança e ampliem as conexões”, afirma.
Apoio do Sebrae
Para ajudar nesse processo, o Sebrae oferece consultorias individuais, programas de aceleração e até editais de internacionalização com pontuação diferenciada para empreendedoras. “Hoje temos iniciativas voltadas desde a ideação do negócio até estratégias de crescimento e internacionalização. Minas Gerais, inclusive, tem um diferencial: a inovação não está concentrada apenas na capital, há polos ativos em diversas regiões do estado”, conclui Carla.