5- MAS QUE NADA – Jorge Benjor (Sergio Mendes)
Canção de 1963 de autoria de Jorge Benjor apareceu em seu primeiro álbum “Samba Esquema Novo” e foi a música que o projetou para o sucesso.
É ainda hoje uma das músicas brasileiras mais conhecidas no exterior, particularmente nos EUA onde ganhou uma versão do cantor Sergio Mendes em 1966, após uma excursão de Jorge Ben ao país. No ano de lançamento, a versão de Sergio atingiu o 4º lugar na Billboard e ganhou até mesmo versões em inglês, interpretadas por Ella Fitzgerald e Trini Lopez.
“Mas que nada” tem uma particularidade. Ela não se enquadra na bossa nova e também no samba tradicional. Talvez por isso tenha feito mais sucesso no exterior num primeiro momento do que no Brasil.
Em 2006 a música ganhou uma versão do Black Eyed Peas com participação do próprio Sergio Mendes, que levou a canção novamente a figurar entre as primeiras do ranking da Billboard. Ela também já foi tema de jogos de videogame e está presente na trilha sonora da animação Rio, de 2011.
4- ASA BRANCA – Luiz Gonzaga
Música composta apenas de 5 notas, Asa Branca é o maior sucesso de Luiz Gonzaga, o rei do baião. Composta por ele em parceria com Humberto Teixeira em 1947 é até hoje uma das músicas mais tocadas em festas juninas pelo país, principalmente no Nordeste do Brasil.
Asa Branca é conhecida como “O Hino do Nordeste” e já ganhou versões dos mais diversos cantores e cantoras do país como Nelson Gonçalves, Maria Betânia, Zé Ramalho, Tom Zé, Lulu Santos, Fagner, Caetano Veloso, Raul Seixas, entre outros.
Num primeiro momento, a música foi desacreditada pelos donos da gravadora RCA Victor, por ter uma letra “muito triste”. Segundo José Mario Austragesilo, biógrafo de Luiz Gonzaga, o compositor ameaçou deixar a gravadora caso a canção não fosse incluída em seu disco. E após muita discussão, ela foi gravada e virou o grande sucesso que conhecemos hoje.
3- CARINHOSO – Pixinguinha
Talvez a mais antiga da lista, Carinhoso foi composta por volta de 1916 por Pixinguinha, data anterior ao seu início como músico, mas foi gravada pela primeira vez em 1928, somente com a parte instrumental. Depois foi incluída a letra de João de Barro e ganhou a voz de Orlando Silva em 1937 estourando no país inteiro.
Carinhoso ganhou uma versão também em inglês, em 1950 Ray Gilbert adaptou a canção que ganhou o nome de “Love Is Like This” e foi trilha sonora do filme “Romance Carioca“, sendo interpretada por Jane Powell que também atuou no filme.
Em 1970 ganhou mais uma regravação como trilha sonora da novela de mesmo nome, exibida na TV Globo. E segundo levantamento do ECAD em 2021, a canção contava com 411 regravações registradas, a colocando no topo da lista como a canção brasileira mais regravada no país, superando Aquarela do Brasil e Garota de Ipanema.
2- ÁGUAS DE MARÇO – Tom Jobim
Composta em 1972 por Tom Jobim foi lançada no ano seguinte no álbum “Matita Perê” e em 1974 ganhou sua versão mais famosa quando Elis Regina a interpretou ao lado de Jobim no LP Elis e Tom.
Tom Jobim conta que começou a compor a canção, apenas no violão, em março de 1972, em seu sítio em Poço Fundo, no Rio de Janeiro e mencionou numa entrevista certa vez que compôs a música em um momento de muita tristeza. O artista estava sem esperança, bebia muito, reclamava que ninguém ouvia suas músicas e se dizia deprimido. Na ocasião, ele sofria com problemas de saúde e refletia sobre a finalização de seus projetos, o que entrava em conflito com seu desinteresse por tudo.
A letra se assemelha a um fluxo de consciência, se referindo a seres como pau, pedra, caco de vidro, nó na madeira, peixe, fim do caminho e muitas outros. A metáfora central das “Águas de março” é tomada como imagem da passagem da vida cotidiana, seu motocontínuo, sua inevitável progressão rumo à morte – como as chuvas do fim de março, que marcam o final do verão no sudeste do Brasil. A letra aproxima a imagem da “água” a uma “promessa de vida”, símbolo da renovação.
A canção ainda teve uma versão em inglês composta por Tom e, apesar da mudança de idioma, o autor se manteve fiel ao significado da música. O cantor e compositor Chico Buarque já afirmou que “Águas de Março” é o “samba mais lindo do mundo”
1- CONSTRUÇÃO – Chico Buarque de Holanda
Canção que completou 50 anos no ano passado e que continua atual, “Construção” é uma composição tão rica de significados, que se transformou em fonte inesgotável de questões de gramática, de literatura, de história em vestibulares e transcendeu a alcunha de apenas “canção”. Os arranjos são do maestro Rogério Duprat, em uma melodia repetitiva, desenvolvida inicialmente sobre dois acordes. A música, entretanto, tem harmonia bem mais complexa.
A letra foi composta em versos dodecassílabos, que sempre terminam numa palavra proparoxítona. Os 17 versos da primeira parte (quatro quartetos, acrescidos de um verso-desfecho) são praticamente os mesmos 17 que compõem a segunda parte, mudando apenas a última palavra.
A repetição das palavras gera um efeito de homofonia, no qual os sons iguais que se repetem causam uma unidade rítmica, e também corroboram com o tema do cotidiano, no qual dias vão passando, uns seguidos dos outros, com pequenas variações.
A canção composta logo do retorno de Chico após um exílio na Itália, no período mais repressivo da ditadura militar brasileira, desconstrói o lugar do trabalhador urbano dentro da sociedade, que vive um aprofundamento das desigualdades sociais.
A complexidade e a genialidade da música, a colocou no topo do ranking, sendo eleita a melhor canção brasileira de todos os tempos, de acordo com a revista.