Hoje quero abordar o chamado efeito Streisand, que ocorre quando uma marca tenta, no universo hiperconectado das redes sociais, controlar a narrativa. Na verdade, trata-se de uma tentativa de censura que aumenta a visibilidade de um problema. Não é só um conceito curioso — é uma lição sobre reputação e percepção de comunidade.
Hoje, marcas que desativam comentários, restringem espaços de diálogo ou adotam decisões unilaterais sob o pretexto de proteger sua imagem correm o risco de gerar o efeito contrário: descontentamento, quebra de confiança e crise de credibilidade. Um exemplo recente envolveu uma grande rede de fast food que bloqueou comentários negativos sobre uma campanha considerada ofensiva.
Em vez de reduzir o impacto, a ação desencadeou compartilhamentos críticos em plataformas, memes e discussões públicas, expondo a discrepância entre o discurso inclusivo da marca e as decisões de bastidores. A comunidade digital percebeu a dissonância: o discurso de pertencimento chocava-se com a prática real de censura. Reputação não se constrói com exclusão de vozes, e sim com gestão transparente de conflitos.
Desativar comentários ou restringir interações em redes sociais pode ser tentador, mas cria a sensação de que a empresa não suporta o escrutínio, reforçando a percepção de que a comunidade é apenas retórica, não prática. Profissionais de comunicação e branding precisam entender que decisões estratégicas isoladas, escondidas sob a narrativa de comunidade, são rapidamente expostas e compartilhadas pelos próprios públicos.
Marcas devem investir em escuta ativa, diálogo genuíno e respostas rápidas. A reputação, como ativo intangível, exige coragem, consistência e alinhamento real entre o que se fala e o que se faz.