Os minerais críticos são o tema do momento. São eles que garantem a transição energética, a produção de baterias, semicondutores e tecnologias limpas. E, mais uma vez, o Brasil parece estar apenas assistindo ao debate global. O Conselho Nacional de Política Mineral, criado em 2022, só começou efetivamente suas atividades nesta semana — quase três anos depois.
A primeira reunião foi protocolar, simbólica, mais uma daquelas cerimônias “para inglês ver”. Nenhuma decisão prática, nenhum plano concreto, nenhuma diretriz clara para o setor. Enquanto outros países já estão mapeando reservas, atraindo investimentos e fechando parcerias estratégicas, o Brasil ainda discute o regimento interno do conselho.
Pior que a demora foi o tom adotado. O ministro de Minas e Energia criticou empresas que têm licença de exploração e não exploram, ameaçando rever autorizações. É uma inversão perigosa de responsabilidade. O Estado, que não definiu uma política mineral clara, que não garantiu segurança jurídica e ainda impõe lentidão burocrática, agora culpa o setor privado por não agir.
O problema é que não há incentivo para investir num ambiente de incerteza. Sem previsibilidade, sem regras claras e com medo de novas intervenções, o capital simplesmente não vem. E, com isso, o Brasil segue desperdiçando potencial em lítio, cobre e terras raras — matérias-primas fundamentais para o futuro da economia global.
Em economia, não existe alquimia. Nenhum país avança com discursos ou ameaças. É preciso planejamento, segurança jurídica e um Estado que saiba incentivar — e não punir — quem quer produzir. A responsabilidade pelo atraso é pública, e o preço é pago por todos: menos investimento, menos empregos, menos desenvolvimento.
Na prática, foi mais uma reunião para tirar foto e não decidir nada. O retrato perfeito da lentidão que tem custado caro ao país.