Há diretores que filmam não apenas uma história, mas fazem um retrato de um país. Em O Agente Secreto, que estreia nesta quinta-feira em todo o Brasil, Kleber Mendonça Filho volta a olhar para o Brasil com o mesmo olhar curioso e inquieto que marcou O Som ao Redor, Aquarius e Bacurau.
O filme escolhido para representar o Brasil no Oscar 2026 traz três temas presentes na obra de Kleber desde sempre: memória, brasilidade e atuação política.
A trama acompanha Marcelo, vivido por Wagner Moura, um homem que volta à sua Recife natal fugindo da perseguição política da década de 1970 no Brasil e é confrontado com uma nova realidade, revisitando o seu passado ao mesmo tempo em que projeta uma nova vida.
O Agente Secreto é um daqueles filmes que nos fazem pensar em quem somos, no legado que vamos deixar para os nossos descendentes, em como nossas ações determinam nossas vidas e, principalmente, qual é nosso lugar nesse mundo. Podem parecer temas abstratos, mas a maneira escolhida por Kleber, também autor do roteiro, para colocá-los no filme é tão urgente que é impossível ignorar tudo isso após sair da sala de cinema.
Vencedor dos prêmios de direção e ator em Cannes, O Agente Secreto é o filme que é brasileiro de um diretor que insiste em trabalhar este tema e não esconde seu amor por sua terra natal, Recife. Se ele será indicado ao Oscar ou se Wagner Moura será indicado a melhor ator, só saberemos em janeiro, mas, se for, será extremamente merecido.
