O Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé) celebrou o fim do tarifaço de 40% sobre o produto, imposto pelo presidente Donald Trump e revogado nesta quinta-feira (20/11). Avaliação foi feita pelo CEO da entidade, Marcos Matos, que creditou a queda nas sanções a negociações bilaterais entre os dois países.
“Nossos parceiros nos Estados Unidos, torrefadores, a indústria torrefadora, National Coffee Association, fizeram um trabalho forte em Washington, ainda mais direcionado ao Brasil por conta da distorção que aquela ordem executiva [do tarifaço] causou no mercado. E da nossa parte, estivemos novamente com o vice-presidente Geraldo Alckmin, com o ministro Fávaro [da Agropecuária] e em contato permanente com o chanceler Mauro Vieira, ministro Haddad [da Fazenda]”.
Para o CEO da Cecafé, os prejuízos do tarifaço poderiam ser “bilionários e irrecuperáveis”, caso o tarifaço não fosse suspenso. Matos destaca a força da relação comercial entre os dois países para a reversão do cenário.
“Celebramos os avanços e o sucesso que tem sido essa retomada do diálogo entre Brasil e Estados Unidos, que é signo dos 200 anos de relação comercial. E essa relação entre os dois países foi mencionada nessa alteração [do tarifaço]. O bom relacionamento, a negociação caminha de uma forma positiva”.
Para Matos, o próximo passo é incluir outras fatias do setor cafeeiro, que ficaram de fora da lista de isenções. “Vamos tratar isso internamente com a equipe negociadora para incluir também o café solúvel, que ficou de fora, e também vamos levar esse assunto para os nossos importadores”, destaca.
Queda de até 54% nas vendas
Segundo Marcos Matos, o impacto do tarifaço nas vendas do café foi expressivo, entre os meses de agosto e outubro. “O Brasil vinha com uma queda muito forte em agosto, de 46% de vendas para os Estados Unidos. Em setembro foi 52,8% de queda. Em outubro foi 54,4% de queda”, elenca.
“Os Estados Unidos foram para a terceira posição de maior importador dos cafés do Brasil. E o nosso medo era realmente um cenário de que fosse irreversível, perdendo realmente a participação nos blends e os nossos importadores fazendo contratos de longo prazo com os nossos concorrentes”, completa, afirmando que o fim do tarifaço “traz isonomia ao mercado”.
Corrida contra o tempo
Para o presidente da Cecafé, o momento é de recuperar o atraso. “Tudo o que nós queremos é tratamento igual, para podermos concorrer em pé de igualdade. Nesse momento nós vamos correr contra o tempo para recuperar os espaços e retomar todas as exportações. Vamos reduzir, sim, boa parte dos impactos econômicos que foram causados desde o dia 6 de agosto, quando efetivamente as taxas ações começaram”.
