Cuba “nua e crua”: o que você não pode saber sobre a Ilha de Castro

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Camila Dias

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Pixabay / Reprodução

“Indo pra Cuba: O que os socialistas não querem que você saiba” – Esse painel deveria virar um filme, documentário, uma matéria jornalística. Deveria ser amplamente divulgado. E quem sabe, não será, em breve?

A palestra foi ministrada pelo economista Bruno Musa, durante o IV LibertyCon Brasil, realizado no último fim de semana (11 e 12/11), em Belo Horizonte. O evento reuniu as maiores influências liberais do Brasil e do mundo e contou com 50 palestrantes em painéis simultâneos.

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Um deles foi o “Indo pra Cuba: o que os socialistas não querem que você saiba”, apresentado pelo economista Bruno Musa, que chegou de Cuba no último dia 11 de novembro. Ele contou a realidade daquele país, cujos habitantes começaram a perceber, nos últimos anos, que estão sendo enganados há seis décadas.

Antes de falar sobre a recente experiência, Musa explicou o objetivo da viagem: ele não foi como turista. Esteve lá para verificar a realidade econômica e a condição de vida das pessoas.

Pensando em um melhor aproveitamento sobre o  que ouvi lá, resolvi fazer uma entrevista e, de forma resumida, disponibilizo a vocês um pouco do relato de Bruno Musa, economista atuante no mercado financeiro há 16 anos.

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 Vamos lá:

Bruno, conte sobre a sua experiência em Cuba e os detalhes que até nos deixam até um pouco assustados. O que mais te marcou nesta viagem?

Tudo, na verdade. A precariedade da infraestrutura, a escassez de alimentos, a escassez de energia, a falta de opções, lá não tem nada. As pessoas que trabalham nos restaurantes, como mencionei aqui, não podem, sequer, comer a comida do local onde trabalham. Elas precisam levar de casa, mas não há comida em casa, porque o alimento é escasso. É uma igualdade econômica completa de distribuição de pobreza e geração de miséria ao longo dos últimos 60 anos. Piorou muito nos últimos anos. Foi uma viagem de volta aos anos 60, com total precariedade de qualquer infraestrutura e há escassez de absolutamente tudo: remédios e alimentos, ninguém quer dinheiro na mão, o próprio dinheiro não vale absolutamente nada. Então, é uma economia estatal, que praticamente não existe, e há uma economia do mercado negro, que também tem escassez, mas movimentando muito mais do que resta dessa economia.

Saúde, Segurança e Educação: o governo cubano vende para as pessoas de fora que esses seriam três serviços que funcionariam plenamente naquele país. O que você vivenciou em relação a isso?

A segurança funciona. Lá há leis bem severas. Não há roubo, você anda, à noite, por ruas escuras, pois praticamente não há iluminação pública. Não há roubo de celulares ou dinheiro. Você se sente realmente seguro, o que é um espanto em relação à situação caótica que eles estão vivendo. Passam fome, mas a lei é muito dura e são 60 anos em que o sistema ensina às pessoas a terem medo. Então, o cubano é reprimido por natureza. Conversei com muitas pessoas que me fizeram relatos. E quem os fez, não quis mostrar o rosto. Alguns resolveram contar, mas dentro de quatro paredes, a portas fechadas. Então a segurança existe e é controlada pelo medo, há muito tempo.

Segundo alguns relatos, o cubano pode pegar até prisão perpétua, segundo alguns relatos, se você roubar um celular, então, criminalidade realmente não tem. 

Quanto à saúde pública e educação, o que pregam é uma tremenda mentira. São financiadas pelas pessoas porque o estado retém grande parte do salário dos trabalhadores. Cada um recebe, cerca de 4 mil (pesos cubanos) o que representa cerca de US$ 25 , US$ 30 (dólares) por mês e a maior parte fica para o governo. 

A educação é uma doutrina: uma doutrina a Fidel Castro, uma doutrina à revolução, uma doutrina à ‘pátria ou muerte’, como eles falam, que é ‘pátria ou morte’, do Che Guevara, mas as pessoas hoje tem algum acesso à informação e estão desconfiando disso tudo e demonstrando que não acreditam nisso. A escassez de remédio, a escassez de leito, a infraestrutura de hospitais é extremamente precária. Então isso mostra que educação e saúde são uma tremenda falácia em relação ao que nós sempre ouvimos, enfim, tese que ruiu.

 (No momento em que o economista contou sobre a segurança relacionada à firmeza no cumprimento das leis, eu vi, pelo menos, uma coisa que funciona. Mas a custa de que? Da dureza que tolhe tanto o bandido, quanto as pessoas que não são criminosas, pois não são autorizadas a fazer nada. Somente a se conformar a enfrentar filas enormes para comprar o mínimo para comer. Não podem nada. São 60 anos de leis que ensinam o cubano a ter medo. As pessoas são reprimidas e tem apenas o direito de sobreviver.) 

E aqui na palestra, você disse que algumas pessoas estão se sentindo enganadas. Como que as informações chegam até elas, sendo que tudo é controlado pelo governo?

De fato, é um paradoxo. As pessoas têm acesso ao facebook, ao  Instagram, há turistas que comentam. A TV a cabo é ilegal, mas tem muita gente que possui o que aqui a gente chama de ‘gato’. Então muitas pessoas conseguem ter acesso a alguns canais de fora que, obviamente, mostram outro tipo de realidade. Mostram a realidade de um mundo aberto e aí, eles começam a perceber que aquilo é uma tremenda enganação. Que aquilo é uma doutrinação, de um sistema, que não funcionou, não funciona e não funcionará jamais. Essa informação, que chegou pela internet, depois de Raul Castro – até Fidel não tinha internet – começa a mostrar que todos foram enganados durante 60 anos.

E a questão das oportunidades para o investidor estrangeiro? Existe alguma?

Se o estado abrir o mercado, as oportunidades serão inúmeras, pois não há nada naquele país. Não há infraestrutura, não há transporte, não tem logística, não possui insumos básicos, o pouco da agropecuária que existe – quase nada – é estatal.

Conta sobre os hotéis 5 estrelas. Você disse que não havia alface?

Só tinha repolho, em abundância, não sei porque… Mas não havia vinagre, azeite. Tudo é diluído em muita água, para render mais. Sucos extremamente diluídos. É caótico.

 E a fila da salsicha?

Triste. E não é só a fila da salsicha. Há filas no mercado estatal por onde tem o acesso à alimentação, isso quando aparece. O que eu vi foram pessoas ficando três dias ou mais, na fila do mercadinho estatal para esperar qualquer tipo de comida que chegasse. Eu vi as famílias recebendo 3 salsichas para consumirem durante um mês. Uma fila que dobrava quarteirões e pessoas ali, discutindo, brigando por lugar na fila. Aí perguntei: o que chegou. Eles disseram: chegou uma garrafa de detergente (500 ml) para dois meses e chegaram três salsichas para um mês. Era isso.

Quando você perguntava o motivo delas não saírem de lá, fazerem um levante, não tentam mudar a situação de alguma forma, o que elas disseram?

Elas têm medo. Viveram e vivem muita repressão estatal. O medo é muito nítido lá. As pessoas não reclamam em voz alta, quando falam a verdade, chamam para o canto e nos contam em tom de voz baixo, ou dentro de um carro (em um táxi). Eles não tem como comprar uma passagem para sair daquela ilha e eles não tem acesso ao dinheiro, para terem este tipo de chance. Um ou outro consegue, graças a algum familiar que, em algum momento, conseguiu ir embora e envia dinheiro. Grande parte da economia é sustentada por dinheiro que vem de fora. Segundo alguns dados, cerca de 10% dos cubanos estão fora de Cuba – imagina, é muita gente – e essas pessoas mandam dólares para comprar a passagem. Alguns tentam fugir via México e atravessam os Estados Unidos de forma ilegal. Então, o acesso ao dinheiro é quase impossível e, além disso, Cuba é uma ilha, o morador não consegue sair nadando para chegar em qualquer lugar. É bem complicado.

E o que você nos diz sobre a figura do Lula em Cuba?

Há bastante prédios públicos que estampam a figura do Lula como idolatria mesmo, o que, apesar de ser bem óbvio, nos assusta bastante. Ele é considerado amigo da tal revolução que mata as pessoas de fome. Mas ouvi muitos relatos de cubanos acordando e falando: ‘se ele é amigo de quem impôs esse sistema pra gente, ele não é boa coisa”, e para mim isso é o ponto final.

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Ainda conforme Musa apresentou na palestra, em Cuba não há empreendedores. O único empreendedor é o estado, que nivela todos os trabalhadores, independentemente da sua formação, com o mesmo salário. Imagina? Um engenheiro, pós graduado, ganhando a mesma remuneração de alguém que não tem qualquer formação? Se ainda o nivelamento fosse um excelente salário para todos… mas não. O engenheiro e o trabalhador sem formação alguma recebem US$ 25. O resultado é, obviamente, a falta de mão de obra qualificada.

Segundo o economista, todos os imóveis são destruídos. Os telhados das casas são quebrados, as paredes, parece que foram bombardeadas. Há um livro, chamado de libreta, que regulamenta a forma como os cubanos vão ter acesso aos alimentos. O pouco que existe, vai para o turista. Ele contou que nos hotéis cinco estrelas existem três opções de buffet: pizza (para eles, a pizza é a massa e uma fatia de mussarela somente), cachorro quente (era um pão com salsicha, servido somente até duas da tarde, porque se oferecessem durante o dia todo, faltaria para o resto da semana) e repolho. Isso, para os turistas hospedados em hotéis cinco estrelas.

Em breve, uma plataforma streaming deve produzir um documentário sobre essa experiência. Tomara que, até lá, nós – brasileiros – não sejamos impedidos de assistir. 

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Camila Dias

Advogada especialista em Direito de Família - mediadora, conciliadora. Jornalista, especialista em Criminologia.

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