Em tempos de tantas transformações, de verdades líquidas e disputas acirradas, aprender tornou-se mais do que nunca um ato político. Há cerca de dois séculos e meio, a Inglaterra dava os seus primeiros passos na Revolução Industrial. E com ela surgiu uma mudança que não era apenas na forma de produzir coisas, mas na forma de viver, de se relacionar e de se organizar como sociedade. Naquele tempo, ensinar a ler e escrever ainda era um privilégio.
Muitos temiam que o acesso ao conhecimento pudesse empoderar os mais pobres, mas aos poucos a pressão da economia, somada à luta dos trabalhadores, fez da educação um direito e uma necessidade coletiva. As ideias iluministas inspiraram políticas públicas de educação com foco em linguagem, matemática, história — não só para ensinar, mas para formar cidadãos e forjar identidades nacionais.
Desde então, a escola nunca foi neutra. Ela pode não ter partido — e nem deve ter —, mas tem um papel social, histórico e político. A escola é, sim, um espaço de disputa, de inclusão e de resistência. Ela deve abraçar as diferenças sem apagar individualidades, formar com autonomia sem dogmas, educar com compromisso, não com indiferença.
Ensinar e aprender são atos profundamente humanos e, como todo ato humano, também são atos políticos. Ensinar é construir pontes, aprender é alargar horizontes. Estudar hoje talvez seja o gesto mais político que podemos praticar.
