Você já ouviu falar do Hotel Cop 30 em Belém? O empreendimento reformulou sua operação, mudou de nome e elevou suas diárias de R$ 70 para R$ 5.670. Um salto impressionante — mas até agora, nenhuma reserva.
Mesmo após reduzir os valores para R$ 1.910 por noite, a ocupação continuou zerada. É um exemplo clássico de livre mercado em ação: preço alto, teste de disposição do consumidor. Diante da recusa, o mercado ajusta. O próprio gerente admitiu que a cobrança exorbitante foi uma forma de “testar o mercado”. O teste falhou.
O episódio ajuda a ilustrar três pressupostos básicos para que o livre mercado funcione:
- Compradores e vendedores pulverizados;
- Produto homogêneo;
- Ausência de barreiras à entrada, com preços determinados pela dinâmica da oferta e da demanda.
Mesmo em um ambiente concentrado — poucos leitos disponíveis para um evento de milhares de participantes — se o preço é alto demais, a ocupação simplesmente desaparece.
Nesse caso, não há necessidade de intervenção externa. O próprio mercado faz a correção: ou o hotel ajusta, ou procura alternativas, como fechar pacotes com delegações. Em economia, não existe alquimia. Preço alto não transforma escassez em valor; apenas empurra o consumidor a buscar outras opções ou desistir.
A liberdade de preços funciona quando está sujeita à disciplina do mercado real.