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Pessoa com calculadora e caneta fazendo contas
(Joédson Alves/Agência Brasil)

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Visão Macro de hoje: vamos discutir um pouco mais da importância da análise do hiato do produto quando olhamos de fato para a questão da desancoragem das expectativas inflacionárias e pressões para a política monetária ao longo do tempo. Isso é, o hiato do produto nada mais é do que a diferença entre o que podemos gerar de crescimento e o que de fato estamos gerando de crescimento.

Aqui, o cerne da questão é interpretar que, quando estimulamos o lado da demanda de maneira bastante agressiva pelo lado fiscal ou parafiscal, sem a ampliação da base produtiva, que só pode ser feita por formação de capital fixo ou investimento de longo prazo ao longo do tempo, geramos um processo claro de inflação. Ou seja, mais demanda com o mesmo nível de produção simplesmente vai gerar um ajuste para cima dos preços. Simples assim.

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Essa é uma questão bastante avaliada pelo mercado quando olhamos para a política monetária e as projeções que o próprio Banco Central coloca dentro dos seus comunicados como fonte informacional para o mercado como um todo, inclusive para que se possam tomar posições específicas nas curvas de juros. Ou seja, ampliar a análise da própria inflação implícita é necessário pela ótica da simulação específica do hiato do produto.

Essa diferença, quando é positiva — ou seja, estamos crescendo mais do que temos condição de crescer — gera claramente pressões inflacionárias. O contrário resulta em pressões desinflacionárias. Aqui está parte do argumento do porquê devemos sempre olhar para crescimento ao longo do tempo por meio da formação bruta de capital fixo e do investimento. Sem poupança não conseguiremos fazer isso. É importante lembrar das identidades contábeis principais da macroeconomia: poupança é investimento.

Ou seja, a variação de estoque e a formação bruta de capital fixo só podem ser compensadas pela poupança interna — seja do governo, das famílias ou pela poupança externa ao longo do tempo. Essa é uma identidade contábil que deveríamos avaliar com muito mais respeito. Devemos olhar para o investimento produtivo como fonte clara de crescimento, seja por meio da inovação, seja pela absorção de processos reais de qualidade. Em outras palavras, estamos falando de ganhos de produtividade ao longo do tempo.

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Quando olhamos para o crescimento sempre forçado pelo lado do consumo, ficamos cada vez mais dependentes do curto prazo e, obviamente, de como estimulamos ou desestimulamos esse consumo. Isso nos torna muito mais dependentes da variabilidade do PIB como um todo. Precisamos ter muito mais atenção e, de novo, coragem para discutir o que precisa ser realmente feito. Vale inclusive ressaltar que temos uma capacidade muito pequena de poupar, ou seja, nossa propensão maior é sempre a consumir.

Seja pelo comprometimento de renda que temos, seja pelo processo inflacionário contínuo que enfrentamos há várias décadas. Aqui, novamente, pontos de atenção: sem discutir com coragem as coisas que realmente precisamos, olhando para frente, nunca vamos sair do lugar. Brasil, meu Brasil querido.

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Gustavo Andrade

Mestre em Economia pela UFMG (ênfase em microeconometria e finanças), com extensão pela London School of Economics. É docente em Economia e Finanças em faculdades renomadas, além de ter atuado ativamente como gestor e estrategista de portfólios desde 2013. Atualmente, além da docência em magistério superior, também atua como gestor de risco da Virtus Nexus Asset Management.

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