A produção de veículos recuou no Brasil em agosto, segundo a Anfavea e esse dado vai muito além de uma simples oscilação conjuntural. Ele mostra uma indústria que há anos enfrenta baixa competitividade, custos elevados e uma inserção internacional muito limitada.
Hoje, o Brasil exporta principalmente para países do Mercosul, que são mercados pequenos, pouco competitivos e muitas vezes em crise, o que limita o potencial de crescimento do setor. Esse quadro revela um problema estrutural. Enquanto outras economias buscaram ampliar sua integração global e diversificar destinos de exportação, o Brasil se concentrou em acordos restritivos e independência quase exclusiva da região. O resultado é previsível.
Quando os vizinhos reduzem a demanda, a indústria brasileira sente imediatamente o impacto. Além disso, a baixa produtividade da indústria automotiva brasileira tem raízes profundas. custos elevados de produção, ambiente regulatório complexo e uma estrutura tributária pesada afastam o país das cadeias globais de valor. Enquanto isso, a China avança com velocidade, apoiada em tecnologia, escala e políticas industriais agressivas.
Esse avanço chinês representa uma mudança de paradigma industrial. A concorrência deixou de ser apenas com vizinhos regionais ou países emergentes e passou a ser com gigantes altamente produtivos e inovadores. Nesse novo cenário, a indústria brasileira precisa repensar seu modelo de atuação, investir em inovação e buscar eficiência para não perder ainda mais espaço. Em economia, não existe alquimia.
Não há como sustentar uma indústria automotiva competitiva com base em subsídios permanentes ou em mercados protegidos e pouco dinâmicos. A única saída é aumentar a produtividade, melhorar o ambiente de negócios e inserir-se nas cadeias globais de valor.