Novos trens para trilhos antigos

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A população não quer só trens modernos. Quer uma experiência de transporte à altura do investimento e das promessas (Foto: Reprodução/metrobh.com.br)

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A chegada dos 24 novos trens para o Metrô de Belo Horizonte, modernos, climatizados e equipados com sistema ATO (operação automática), parece uma ótima notícia. E, de fato, é. Os antigos trens da série 900, com tecnologia dos anos 1980, não poderiam continuar rodando para sempre. A tão esperada renovação da frota não poderia chegar em hora mais necessária.

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Mas, enquanto comemoramos o avanço, vale a pena lançar um olhar sobre a infraestrutura por onde esses trens vão rodar. Porque não adianta termos composições de última geração deslizando por trilhos tão antigos e desgastados, ou chegando a estações tão precárias que parecem pertencer a uma Belo Horizonte do passado.

A tecnologia ATO representa uma mudança de patamar para o transporte urbano da capital, mas seu impacto depende de uma malha preparada para suportá-la. Não basta comprar trens de ponta e estacioná-los em estações sem acessibilidade, sem integração com o restante do transporte público e sem manutenção constante.

Modernização não é só renovar a frota, mas transformar o sistema como um todo. É pensar no passageiro que espera por uma conexão eficaz, por uma estação segura e por uma linha livre de interrupções e improvisos. É reconhecer que não dá para levar uma locomotiva de ponta para rodar em trilhos do século passado sem esperar solavancos, atrasos e frustrações.

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Se a chegada dos trens representa uma nova era para o metrô de BH, que venha junto um compromisso tão firme quanto as rodas que vão percorrer essa linha: investimento contínuo, planejamento integrado e atenção às estações e trilhos. Porque não adianta termos a mais avançada tecnologia embarcada enquanto a infraestrutura por onde ela passa continua presa ao passado.

A população não quer só trens modernos. Quer uma experiência de transporte à altura do investimento e das promessas. Quer não só mudanças visíveis nas fotos e nas redes, mas uma transformação real, segura e inteligente para o dia a dia. Porque modernização não é só uma questão de máquinas. É respeito com quem usa o transporte todos os dias.

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Paulo Leite

Sociólogo e jornalista. Colunista dos programas Central 98 e 98 Talks. Apresentador do programa Café com Leite.

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