No Visão Macro de hoje, vamos dar continuidade à análise sobre o crescimento econômico, com foco na qualidade do crescimento no longo prazo. Mais especificamente, vamos falar de uma variável fundamental para qualquer modelo: o capital humano.
O capital humano depende fortemente de investimentos em educação de qualidade, especialmente no ensino básico e fundamental. O Brasil, embora gaste uma parcela significativa do PIB com educação — inclusive superior à de muitos países desenvolvidos — direciona mal os recursos. Os principais gargalos, como mostram os resultados do PISA (o ranking mundial que avalia os sistemas educacionais), estão concentrados justamente nas competências básicas. Estamos, cada vez mais, entre os piores colocados em matemática e língua portuguesa.
O ensino fundamental é o ponto crítico. É nele que deveríamos concentrar uma parcela maior dos investimentos — seja na melhoria dos currículos, na qualificação dos docentes ou na infraestrutura das escolas, garantindo segurança e condições adequadas para os alunos, especialmente na rede pública.
Tudo isso é crucial para destravar o crescimento da produtividade no Brasil, que está estagnada há mais de 30 anos, com exceção do setor agropecuário. O gargalo está, claramente, na qualidade do investimento em educação.
É fundamental revisitar boas práticas internacionais e discutir sua aplicação no Brasil, para superar as falhas estruturais do nosso sistema educacional. A educação é uma força transformadora: melhora a produtividade, amplia a qualificação da força de trabalho, eleva a massa salarial e aumenta a renda disponível da população.
Um aspecto adicional importante é o ensino da matemática desde os anos iniciais. A familiaridade com conceitos matemáticos favorece o desenvolvimento da educação financeira, que, ao longo do tempo, leva a maior capacidade de poupança e investimento. Países que ensinam sua população a lidar com dinheiro desde cedo tendem a alcançar maior estabilidade econômica e crescimento sustentável.