Por que o Brasil cresce aos trancos e barrancos, como se fosse um avião em pane intermitente? A resposta é cada vez mais evidente: o país sofre de uma combinação crônica de baixa produtividade, excesso de gastos mal alocados e um ambiente de negócios travado. O resultado é um crescimento que sobe em um trimestre, cai no outro, o famoso “voo de galinha” da economia brasileira.
Dados empíricos mostram que, ao contrário de economias com crescimento sustentado, o Brasil depende de estímulos pontuais, como crédito direcionado, transferência de renda ou expansão fiscal, que até impulsionam o consumo no curto prazo, mas não criam base sólida para crescimento de longo prazo. Quando o estímulo passa, a economia perde fôlego. Isso é reflexo de um modelo que privilegia o consumo imediato em detrimento de investimento e produtividade.
Sem investimento consistente, não há como ganhar produtividade, e produtividade é o que gera crescimento sustentável, com geração de empregos e aumento da renda. Infelizmente, a burocracia excessiva, a insegurança jurídica, a complexidade tributária e a instabilidade fiscal continuam desestimulando o empreendedorismo e afastando investimentos. Outro problema estrutural é a baixa taxa de poupança doméstica, que obriga o país a buscar financiamento externo para crescer.
Isso nos deixa vulneráveis ao humor dos mercados internacionais, aos ciclos de juros globais e ao apetite de risco do investidor estrangeiro. Em vez de termos controle sobre o nosso próprio destino, ficamos à mercê de fatores externos. Enquanto isso, o gasto público segue crescendo sem avaliação de impactos e com baixa eficiência. O Estado tenta puxar o crescimento, mas com um motor fraco e pesado.
A solução não está em mais gastos ou incentivos pontuais, mas em reformas estruturais que melhorem o ambiente de negócios, simplifiquem o sistema tributário, atraiam investimentos e aumentem a produtividade do trabalhador brasileiro. Em economia, não existe alquimia. Sem produtividade, não há crescimento duradouro. Estimular o consumo sem corrigir os fundamentos é como empurrar uma bicicleta morro acima: na hora que parar de pedalar, ela volta a cair.