A desnecessária função dos vereadores de BH

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Vereadora de BH Flávia Borja (DC) (Foto: Dara Ribeiro/CMBH)

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Essa coluna não imagina, não pretende e nem quer debater a participação de mulheres trans em competições femininas, porque este colunista não possui conhecimento nem de biologia, nem de medicina esportiva que o credencie a versar sobre o tema.

A discussão proposta por esta coluna é a da inutilidade de ocuparmos a Câmara de Vereadores da capital com discussões que utilizem a estrutura física e de pessoal, que, em princípio e, por definição, deve fiscalizar o Executivo e elaborar leis que beneficiem a população.

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Entender os limites constitucionais e perceber a realidade jurídica e administrativa dos projetos apresentados pelos vereadores deveria ser obrigação.

Projetos que discutem a “influência da menstruação das borboletas na coloração do arco-íris”, que se tornam cada vez mais frequentes nas comissões e no plenário da Casa, põem em xeque a necessidade e a capacidade dos vereadores, que, eleitos pelo povo, deveriam ter um trato mais criterioso com o exercício de suas funções.

Cheguei até aqui para falar sobre a proposta de autoria da vereadora Flávia Borja (DC), que estabelece a definição do sexo biológico como critério para participação em eventos esportivos na cidade.

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Como escrito no início, não é objeto desta coluna discutir a pertinência de tal participação, pois nem entre os especialistas há consenso, e, convenhamos, esse não é um tema a ser balizado por questões de cunho ideológico e/ou moral.

Convenhamos, entretanto, que gastar dinheiro do contribuinte para a elaboração, análise e discussão desse projeto é desperdício. Água, energia, pessoal, manutenção etc., para discutir pautas que são de responsabilidade do governo federal e que devem ser debatidas amplamente com a sociedade, não é responsável nem pertinente.

Fiquei surpreso ao ver a determinação da vereadora na análise de temas de competência da legislação e da medicina esportiva. Não sabia de seu interesse por esse tema.

Debater temas que são de interesse da sociedade é primordial para o exercício da cidadania, mas transformar esses debates em leis que, por serem elaboradas fora do rito constitucional, certamente serão vetadas ou judicializadas, gera mais prejuízos aos cidadãos.

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Está na hora de nossos legisladores se prepararem melhor para o exercício de suas funções. Um representante dos cidadãos, quando eleito, deve ter a consciência de que, embora tenha sido votado por alguns, deve exercer suas atividades para todos. Conduzir seus projetos e funções, para as quais foi eleito, unicamente por nortes morais ou ideológicos, é um desvio de sua função.

Ainda sobre os acontecimentos na Câmara por ocasião da discussão da proposta da vereadora Flávia Borja, quando aconteceu a aprovação em 1º turno, destaca-se o despreparo da presidência da Casa na condução dos trabalhos.

O vereador Juliano Lopes (Podemos), presidente da Câmara, tem que urgentemente rever seus métodos e processos. A autoridade é distinta do autoritarismo. Cumprir o regimento interno é diferente de usar mão forte e aparatos de segurança.

A Portaria nº 22.532, de 6 de fevereiro de 2025, publicada no Diário Oficial do Município, que dispõe sobre as novas regras de utilização dos plenários da Casa, revela a incapacidade de conduzir sessões com a presença dos cidadãos nas galerias.

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Não se defende aqui a baderna e a confusão que alguns setores da sociedade insistem em provocar em determinadas sessões, mas disfarçar a proibição em regras que justifiquem excepcionalidades para a autorização da participação popular não é adequado para um espaço que pertence mais aos cidadãos do que aos vereadores.

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Paulo Leite

Sociólogo e jornalista. Colunista dos programas Central 98 e 98 Talks. Apresentador do programa Café com Leite.

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