Siga no

Sem investimento consistente, não há como ganhar produtividade (IMAGEM ILUSTRATIVA/Marcelo Camargo/EBC)

Sem investimento consistente, não há como ganhar produtividade (IMAGEM ILUSTRATIVA/Marcelo Camargo/EBC)

Compartilhar matéria

Por que o Brasil cresce aos trancos e barrancos, como se fosse um avião em pane intermitente? A resposta é cada vez mais evidente: o país sofre de uma combinação crônica de baixa produtividade, excesso de gastos mal alocados e um ambiente de negócios travado. O resultado é um crescimento que sobe em um trimestre, cai no outro, o famoso “voo de galinha” da economia brasileira.

Dados empíricos mostram que, ao contrário de economias com crescimento sustentado, o Brasil depende de estímulos pontuais, como crédito direcionado, transferência de renda ou expansão fiscal, que até impulsionam o consumo no curto prazo, mas não criam base sólida para crescimento de longo prazo. Quando o estímulo passa, a economia perde fôlego. Isso é reflexo de um modelo que privilegia o consumo imediato em detrimento de investimento e produtividade.

CONTINUA APÓS A PUBLICIDADE

Sem investimento consistente, não há como ganhar produtividade, e produtividade é o que gera crescimento sustentável, com geração de empregos e aumento da renda. Infelizmente, a burocracia excessiva, a insegurança jurídica, a complexidade tributária e a instabilidade fiscal continuam desestimulando o empreendedorismo e afastando investimentos. Outro problema estrutural é a baixa taxa de poupança doméstica, que obriga o país a buscar financiamento externo para crescer.

Isso nos deixa vulneráveis ao humor dos mercados internacionais, aos ciclos de juros globais e ao apetite de risco do investidor estrangeiro. Em vez de termos controle sobre o nosso próprio destino, ficamos à mercê de fatores externos. Enquanto isso, o gasto público segue crescendo sem avaliação de impactos e com baixa eficiência. O Estado tenta puxar o crescimento, mas com um motor fraco e pesado.

CONTINUA APÓS A PUBLICIDADE

A solução não está em mais gastos ou incentivos pontuais, mas em reformas estruturais que melhorem o ambiente de negócios, simplifiquem o sistema tributário, atraiam investimentos e aumentem a produtividade do trabalhador brasileiro. Em economia, não existe alquimia. Sem produtividade, não há crescimento duradouro. Estimular o consumo sem corrigir os fundamentos é como empurrar uma bicicleta morro acima: na hora que parar de pedalar, ela volta a cair.

Compartilhar matéria

Siga no

Izak Carlos

É economista-chefe do Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG). Formado em economia pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), com MBA em Gestão Financeira pela Fundação Getúlio Vargas, mestrado e doutorado em economia aplicada pela Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), já atuou como economista, especialista e consultor econômico da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (FIEMG). Izak também é sócio-diretor da Axion Macrofinance e Especialista do Instituto Millenium.

Webstories

Mais de Entretenimento

Mais de Colunistas

Risco de crédito: o perigo invisível da renda fixa

Capacitação contínua no trabalho: quando aprender é tão importante quanto entregar

Mercado monitora crise com EUA e novos estímulos do governo Lula

Imóvel encalhado? Veja quanto tempo leva para vender e como agilizar

Minas Gerais x Europa: duelo turístico entre um estado e um continente

Escutar para transformar: o segredo da cultura corporativa

Últimas notícias

Cordão que identifica pessoas com doenças raras é oficialmente reconhecido em Minas

Tarifaço de Trump pode custar até 187 mil empregos em Minas, aponta Fiemg

Lula defende regulação das redes e combate à desinformação em cúpula no Chile

UFMG busca voluntários para pesquisa sobre dor lombar com tratamento por yoga

CNU dos professores: inscrições estão abertas até sexta-feira

Inadimplência entre empresas mineiras acende alerta em meio a juros altos e economia estagnada

Ceasa Minas lança índice de preços para monitorar produtos hortifrutigranjeiros

O que se sabe sobre a vacina universal contra o câncer?

Plano de Eduardo Bolsonaro em esperar perda de mandato por falta serve para seguir elegível