A equipe do cantor Milton Nascimento divulgou nota neste domingo (3/8) a respeito do processo contra o Cruzeiro por uso indevido da música “Clube da Esquina Nº 2”. A canção foi usada no anúncio do jogador Gabigol em vídeo no Instagram. No pronunciamento, a equipe do artista diz que “música é trabalho” e que não se trata de uma briga por dinheiro, mas sim de “defesa legítima do trabalho artístico”.
O colunista Alcemo Gois, do O Globo, revelou nesse sábado o processo movido pela Sony, Milton Nascimento, Lô e Márcio Borges contra o Cruzeiro. O time celeste respondeu que apenas aceitou colaboração do vídeo publicado no perfil de Gabigol e que o conteúdo é de cunho “editorial”, além de uma forma de homenagear Nascimento.
Ainda segundo o Cruzeiro, uma notificação extrajudicial referente ao caso foi recebida pelo time há cerca de seis meses. O clube se posicionou de forma contrária e defende que não houve violação de direitos autorais.
Milton Nascimento se pronuncia
Em nota publicada no Instagram, a equipe de Milton Nascimento considerou que o processo não se trata de briga por dinheiro, mas sim de “defesa legítima do trabalho artístico”. O texto diz ainda que “internet não é terra sem lei”.
“Reiteramos que a música é trabalho, é sustento, é propriedade intelectual. Assim como um jogador de futebol é remunerado por seu ofício, compositores e artistas tambêm têm direito de decidir quando, como e por quem suas obras podem ser usadas”, diz um trecho.
Confira a nota da equipe de Milton Nascimento na íntegra
“Nota de Esclarecimento sobre o Processo contra o Cruzeiro Esporte Clube
Diante da repercussão recente sobre o processo movido por Milton Nascimento contra o Cruzeiro Esporte Clube, esclarecemos que trata-se de uma ação legítima por uso não autorizado de sua obra musical em uma campanha publicitária do clube, veiculada em 1º de janeiro de 2025.
A música foi utilizada para anunciar a contratação de um jogador de forma claramente promocional, sem qualquer autorização ou tentativa de diálogo prévio, o que configura violação direta da Lei de Direitos Autorais (Lei 9.610/1998). Tentativas amigáveis de resolução foram feitas, porém foram ignoradas.
Reiteramos que a música é trabalho, é sustento, é propriedade intelectual. Assim como um jogador de futebol é remunerado por seu ofício, compositores e artistas também têm o direito de decidir quando, como e por quem suas obras podem ser usadas.
Em casos assim, é necessário separar a idolatria e se entender que o Clube, para além do sentimento, é uma empresa/marca que visa e tem lucros, e a música, para além do entretenimento que gera, é um trabalho sério, um patrimônio do autor e fonte de renda.
É curioso notar como ainda há dificuldade, por parte de muitos, em compreender a música como profissão. Para tornar mais clara essa lógica, propomos uma analogia simples: imagine se alguém entrasse em uma grande rede de supermercados pertencente ao proprietário do Clube, pegasse os produtos das prateleiras e, ao chegar no caixa, solicitasse os itens gratuitamente, por amor ao time. Seria aceito?
Ou, até mesmo, solicitar que os jogadores joguem ou façam campanhas publicitárias sem a sua devida remuneração, apenas por amor. É exatamente isso que acontece quando se exige o uso gratuito de uma obra musical com fins comerciais, em nome de uma suposta homenagem.
Lamentamos profundamente o ódio destilado nas redes sociais contra Milton, com ataques etaristas e ofensivos, que nada têm a ver com o mérito da questão. Comentários criminosos estão sendo registrados e medidas legais serão tomadas individualmente. A internet não é terra sem lei.
Essa não é uma briga por dinheiro. É uma defesa legítima do trabalho artístico, do direito autoral e do respeito à profissão.
Atenciosamente,
Equipe Nascimento Música