Luz de graça, gás de graça: e o Bolsa Família, serve para quê?

Siga no

Gás do Povo, lançado em setembro, prevê a distribuição gratuita de botijões de 13kg para 15,5 milhões de famílias (Foto: Agência Brasil)

Compartilhar matéria

O governo federal ampliou recentemente os auxílios sociais com medidas de impacto direto no orçamento familiar. O programa Luz do Povo, em vigor desde julho de 2025, zerou a conta de energia para famílias do CadÚnico que consomem até 80 kWh/mês. Já o Gás do Povo, lançado em setembro, prevê a distribuição gratuita de botijões de 13kg para 15,5 milhões de famílias, com início em novembro e previsão de 65 milhões de unidades entregues por ano. O custo estimado chega a R$ 3,5 bilhões em 2025 e R$ 5 bilhões em 2026.

Com energia e gás assegurados, surge uma questão: qual a função do Bolsa Família nesse cenário? Se as despesas básicas já estão cobertas por programas específicos, a manutenção de uma transferência mensal paralela pode representar sobreposição de gastos e perda de eficiência.

O Bolsa Família foi criado para garantir renda mínima, permitindo que famílias escolham como aplicar o dinheiro. Mas, ao acumular benefícios distintos, o Estado corre o risco de criar dependência e dificultar a saída da população da vulnerabilidade. Ao invés de somar auxílios fragmentados, seria mais lógico consolidar em uma política única de renda, clara e transparente, que dê previsibilidade tanto para o beneficiário quanto para o orçamento público.

O problema não está apenas no valor distribuído, mas no modelo. Programas sobrepostos geram custo elevado e pouca clareza sobre resultados. A questão que se impõe é se o Estado deve seguir multiplicando auxílios específicos ou concentrar recursos em um único mecanismo de transferência.

No fim, a dúvida permanece: se luz e gás já são garantidos, qual é o papel real do Bolsa Família hoje? Comprar votos?

Compartilhar matéria

Siga no

Antônio Claret Jr.

Advogado e colunista do programa 98 Talks

Webstories

Mais de Entretenimento

Mais de Colunistas

BH e o retrato do desleixo nas calçadas da cidade

‘A Justiça tem cor?’ O mito da representatividade no Supremo Tribunal Federal

Inconfidências políticas e descontrole fiscal: o Brasil entre o improviso e a eleição

Um olhar de atenção para as crianças do Brasil

Depois do feminicídio, a luta na Justiça: pais de professora assinada querem impedir que o autor herde os bens da mãe

STF define novas regras para tributação e multas no setor de biodiesel

Últimas notícias

Resiliência: a habilidade que mais abre portas na carreira

Nova linha de crédito facilita reformas e revitaliza cidades brasileiras

Por que Tóquio é o contrário de Quioto?

Recorde histórico de moradores de rua revela falhas econômicas e sociais

Correios e o risco de repetir o erro do Estado: adiar o inevitável

Nenhuma canetada faz avião decolar: o custo estrutural da aviação brasileira

Nvidia se transforma em ‘banco da IA’ e redefine o futuro do trabalho

Sora 2: o app de IA que abalou Hollywood

Embraer atinge recorde histórico e ações fecham a R$ 85,66