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Mulher sentada em frente à geladeira comendo sanduíche
A compulsão alimentar é um dos pontos a serem combatidos com trabalho psicológico durante o tratamento contra a obesidade (Foto: Freepik/Divulgação)

A compulsão alimentar é um dos pontos a serem combatidos com trabalho psicológico durante o tratamento contra a obesidade (Foto: Freepik/Divulgação)

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Eu sou Flávia Ivo, jornalista, e há mais de dez anos também sou paciente bariátrica. Fiz a cirurgia em 2013. Naquele momento, eu buscava mais do que uma mudança física: eu precisava recuperar minha saúde. A cirurgia me trouxe benefícios importantes, mas também revelou que a obesidade é uma doença crônica, que não desaparece com um bisturi.

Depois da operação, vieram outras etapas: cirurgias complementares, períodos de emagrecimento expressivo, mas também fases de reganho de peso. A vida seguiu com altos e baixos, como acontece com qualquer pessoa, e eventos marcantes mexeram diretamente com a minha relação com o corpo e com a comida.

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Eu aprendi, nesse processo, que a bariátrica não é milagre. E o cirurgião e secretário da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica, René Berindoague, reforça esse ponto. “O procedimento não é nenhum milagre ou fórmula mágica para emagrecer. É um tratamento médico indicado para pessoas que sofrem de obesidade, uma doença crônica que compromete tanto a saúde física quanto mental.”

Médicos fazem cirurgia bariátrica por laparoscopia
Segundo levantamento da SBCBM, entre 2020 e 2024, o Brasil realizou 291 mil cirurgias bariátricas (Foto: Freepik/Divulgação)

Adaptação de rotina

Segundo René Berindoague, a cirurgia é uma ferramenta poderosa, mas que precisa andar junto com mudanças de estilo de vida. O paciente deve se adaptar a uma nova maneira de comer, praticar atividades físicas e manter acompanhamento nutricional. Além disso, não é um procedimento feito por estética: salva vidas e reduz o risco de doenças graves como diabetes tipo 2, hipertensão, apneia do sono, problemas cardíacos, ortopédicos e até câncer.

O cirurgião geral e diretor da Clínica Cronos, Mauro Jácome, que há 27 anos atua na área, complementa: “Um dos principais mitos é acreditar que a cirurgia resolve o problema completamente. A obesidade é multifatorial. Se a pessoa não se cuidar, pode voltar a engordar.”

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Ele explica que, quando o paciente segue as orientações médicas, os benefícios são expressivos: maior expectativa de vida, melhora do sono, da respiração e até remissão de doenças como hipertensão e diabetes tipo 2.

Feirante com sobrepeso prepara comida em panelas
No Brasil, 60,7% da população tem obesidade leve e 25,5% obesidade moderada (Foto: Gerada por IA no Freepik/Divulgação)

Suporte contínuo

Na prática, pacientes confirmam essas transformações. “Você tem que estar com a cabeça muito bem resolvida, firme nesse propósito, porque a cirurgia não é um milagre. Ela é uma ferramenta maravilhosa”, ressalta a importância do preparo psicológico a empreendedora Daniela Turrer, de 44 anos, operada em 2012.

Ela conta que a redução do estômago tira a sensação de fome intensa, mas o resultado só se mantém com acompanhamento nutricional e atividade física. Daniela afirma que faria tudo de novo! “A vida ficou muito melhor, mais leve e feliz. Me sinto realizada, usando as roupas que eu queria. Quando a gente é feliz com a gente, é feliz para os outros também.”

A nutricionista Juliana Papini observa que o suporte precisa ser contínuo: “Depois da fase inicial da cirurgia, quando o paciente já perdeu peso e está motivado, é comum achar que vai dar conta sozinho. Mas não. O acompanhamento nutricional é para sempre.”

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Ela explica que apenas o acompanhamento regular garante ingestão correta de proteínas, vitaminas e minerais, prevenindo deficiências e perda de massa magra.

Mulher com sobrepeso e em roupas de academia mede a cintura com uma fita métrica
A cirurgia bariátrica é o tratamento mais eficaz e duradouro para pacientes com obesidade grave e doenças associadas (Foto: Freepik/Divulgação)

Reganho de peso

Mas nem sempre o caminho é linear. A farmacêutica Cláudia Leite, de 55 anos, que fez a cirurgia em 2006, viveu momentos de reganho de peso relacionados a crises emocionais. “O desequilíbrio emocional, seja de qual origem for, afeta muitíssimo no reganho de peso”, conta.

Após uma síndrome de burnout, Cláudia recuperou 15 quilos. Voltou a engordar durante a pandemia, mas conseguiu reduzir parte com medicamentos e exercícios. Ela faz questão de reforçar: “A cirurgia não é e nunca foi a cura da obesidade.”

Para a psicóloga e mestre em Educação em Diabetes, Paula Lamego, é preciso compreender que a mudança vai além do bisturi. “A relação da pessoa com a comida não vai mudar só porque ela fez a bariátrica”, destaca.

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Segundo ela, o paciente precisa de acompanhamento psicológico para aprender a regular emoções e desenvolver uma relação mais equilibrada com a alimentação ao longo da vida.

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Flávia Ivo

Coordenadora de Produção de Jornalismo da 98News, Flávia Ivo é jornalista e publicitária com 25 anos de carreira em redações, comunicação e marketing. Foi chefe de reportagem da BandNews FM BH, além editora-adjunta e editora de moda do jornal Hoje em Dia

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