Nos últimos 10 anos, o mercado de trabalho brasileiro passou por uma transformação silenciosa, mas muito relevante. O número de pessoas que trabalham por aplicativo saltou de 770.000 em 2015 para mais de 2,1 milhões em 2025, um crescimento de 170%, bem acima do avanço de apenas 10% da população ocupada no período.
Esse movimento trouxe um efeito concreto: ajudou a reduzir o desemprego. Um estudo do Banco Central mostra que, com esse crescimento, o nível de ocupação aumentou em quase um ponto percentual, a taxa de participação na força de trabalho subiu 0,2 ponto percentual e o desemprego caiu 0,6 ponto percentual. Números que fazem diferença em um país de histórico difícil na geração de empregos.
O mais importante: boa parte dessas pessoas não deixou um trabalho formal para migrar para os aplicativos. Na verdade, estavam fora do mercado e conseguiram uma porta de entrada por meio dessa nova ocupação. Ou seja, os aplicativos criaram oportunidade onde antes havia apenas inatividade. Além disso, a tecnologia tornou o acesso ao trabalho mais democrático.
Com um celular e um cadastro em uma plataforma, milhares de brasileiros conseguiram gerar renda de forma relativamente rápida. Isso mostra a capacidade do setor de absorver mão de obra e reduzir a pressão social do desemprego. É claro que ainda existem desafios, como a discussão sobre direitos, previdência e qualidade nas condições de trabalho.
Mas é inegável que, diante de um cenário de economia instável, o setor de aplicativos atuou como um colchão de proteção social, evitando que o índice de desemprego fosse ainda maior. Em economia, não existe alquimia. O que existe é a combinação de inovação, tecnologia e adaptação. E o trabalho por aplicativos mostrou ser uma peça importante para manter milhões de brasileiros ativos e com renda em um período em que o emprego formal crescia muito pouco.