O Prêmio Nobel de Economia de 2025 foi concedido a Joel Mokyr, Philippe Aghion e Peter Howitt por estudos que ajudam a explicar o crescimento econômico impulsionado pela inovação. Mokyr foi reconhecido por analisar os requisitos necessários para que avanços científicos se transformem em progresso sustentável. Aghion e Howitt, por sua vez, desenvolveram modelos de “destruição criativa”, mostrando como novas empresas e tecnologias substituem as antigas, impulsionando a economia.
Esses trabalhos partem de ideias que o Brasil deveria ter internalizado há muito tempo. Não basta copiar tecnologia ou adotar fórmulas externas. É preciso criar um ambiente institucional que favoreça a inovação.
Mokyr destaca que uma sociedade precisa estar aberta a mudanças, absorver ideias novas e permitir que o conhecimento científico e técnico se propague sem barreiras. Aghion e Howitt mostram que inovar significa, inevitavelmente, gerar conflitos com empresas estabelecidas, pois quem inova destitui modelos antigos — e isso exige políticas públicas que facilitem a transição.
Nesse contexto, o Brasil enfrenta barreiras conhecidas: infraestrutura precária, burocracia pesada, sistemas regulatórios lentos, desequilíbrio fiscal e uma estrutura institucional que favorece incumbentes. Não adianta esperar que a inovação floresça sozinha — ela precisa de regras claras, proteção à propriedade intelectual, financiamento e um ambiente competitivo.
O modelo de inovação descrito pelos laureados também sugere que o crescimento não é contínuo sem renovação. É vital permitir que empresas antigas sejam substituídas por novas e mais eficientes, sem sufocá-las por legislação excessiva ou privilégios acumulados. No Brasil, muitos setores resistem à disrupção justamente por contarem com poder político ou rendas protegidas.
Em economia, não existe alquimia. O progresso não vem por decreto nem por mágica. Ele é construído com instituições que permitam o risco, a falha e a recompensa para quem ousa, além de mecanismos que integrem o avanço tecnológico ao tecido social e produtivo. Se falharmos nisso, jamais veremos um crescimento sustentável de verdade.
O Brasil pode sair da estagnação se internalizar essas lições. Inovar não é luxo. É condição de sobrevivência competitiva.