Na coluna de hoje, quero falar sobre a volta da credibilidade como ativo de influência. Para tanto, utilizo uma fala do sociólogo Pierre Bourdieu, extraída da obra O Poder Simbólico. Para Bourdieu, a autoridade nasce do reconhecimento e não da autopromoção. No universo digital, esse princípio ressurge com força.
O público, saturado de conteúdo efêmero, ou seja, passageiro, tem buscado quem realmente domina um assunto, quem entrega contexto e não apenas opinião. O entretenimento vazio cansou. A audiência agora pertence a quem sustenta o discurso com repertório e consistência, já diria o Enem. Isso é o que eu chamo de era do conteúdo autoridade.
É uma resposta ao grande número de especialistas instantâneos, ou gurus de internet, como vocês quiserem denominar. Nos últimos anos, assistimos à ascensão de pessoas que falam sobre tudo sem profundidade. O resultado é a credibilidade diluída e uma desconfiança generalizada. No ambiente corporativo, o risco é maior. Líderes e marcas que confundem visibilidade com influência produzem discursos e estratégias frágeis.
Sem densidade intelectual, não há narrativa que se sustente. A consequência é a quebra da confiança tanto das equipes quanto dos públicos. Marcas e profissionais que constroem presença apenas com base em volume — posts, vídeos, lives — perdem valor simbólico, porque deixam de representar conhecimento e passam a representar só barulho.
Recuperar a autoridade requer um novo pacto entre quem fala e quem escuta. E fica a dica: menos slogans e mais pensamento. É preciso ensinar, contextualizar, sustentar ideias com evidências, dados e história. A credibilidade, antes tida como ativo tangível, volta a ser o diferencial competitivo central. Em um mundo de vozes, vence quem tem voz própria.
O novo status de influência é saber o que se diz e, principalmente, por que se diz.
