Você já parou para pensar como aqueles novos medicamentos para emagrecer não mudam só o corpo, mas também o comportamento do consumidor e os negócios ao nosso redor? Esses medicamentos, especialmente aqueles à base de GLP-1, como o Ozempic e o Wegovy, começaram como tratamento para diabetes, mas ganharam destaque mundial por resultarem em perdas de peso expressivas e, com isso, alteram hábitos, consumo, mercado varejista e até o setor de alimentos processados.
Por exemplo, pesquisas recentes indicam que usuários desses medicamentos reduzem a compra de alimentos indulgentes, como salgadinhos, bebidas alcoólicas ou fast food, levando a quedas de 8 a 11% nesse tipo de gasto. Menos volume de compra, menores porções, retirada de itens baratos industrializados e mais gasto com produtos premium, saudáveis ou in natura.
Isso muda o jogo para empresas, marcas e varejistas.
Os impactos se estendem além da alimentação. O setor de vestuário registra variações, academias e serviços de saúde ajustam ofertas e até segmentos de lazer e viagem percebem mudança de perfil. Com menos apetite, literalmente, para guloseimas, as empresas estão sendo forçadas a inovar ou arriscar perda de relevância em um novo normal.
Para o Brasil, embora ainda esses medicamentos não sejam tão acessíveis como nos Estados Unidos, a tendência serve como alerta. O padrão de consumo da nossa população, ainda bastante voltado para alimentos ultraprocessados e bebidas de baixo custo, está sob risco de descontinuidade. Marcas que ignorarem o movimento poderão enfrentar retração, assim como mercados inteiros. E isso acontece quando empresas mantêm carteiras com itens baratos, indulgentes e não antecipam a mudança.
Em economia, não existe alquimia. Não adianta acreditar que negócios permanecerão inalterados enquanto hábitos mudam. Quando a ciência dá um novo impulso ao corpo, isso reverbera no bolso e no mercado também.
Redução drástica de consumo de certos produtos não é um ajuste automático de preços. É um sinal de que modelos antigos precisam se reinventar.
Os impactos estão — e estarão — por toda parte, desde o PIB da Dinamarca até o preço das passagens e a demanda por biscoitinhos e guloseimas.
											
															