Uma recente pesquisa do Datafolha revelou que 43% dos brasileiros não guardam dinheiro para emergências. É um dado preocupante, mas, infelizmente, não surpreendente. A falta de reserva financeira é o reflexo direto da combinação entre renda apertada, alto custo de vida e ausência de educação financeira. Um tripé que deixa o brasileiro vulnerável a qualquer imprevisto. Quando o salário mal cobre as despesas básicas, o consumo se torna imediato e o planejamento um luxo distante.
O problema é que essa falta de preparo financeiro cria um ciclo de dependência. Diante de uma emergência, a solução é quase sempre o crédito — e o crédito no Brasil é caro. Assim, o que começou com uma despesa pontual se transforma em uma dívida longa, com juros que corroem o orçamento e o bem-estar. Essa relação entre falta de poupança e endividamento é uma das engrenagens que alimenta o próprio ambiente de juros elevados no país.
Com milhões de famílias endividadas, o risco de inadimplência cresce, e os bancos, por precaução, elevam ainda mais as taxas cobradas. Ou seja, a ausência de poupança individual se transforma em um problema coletivo, que encarece o crédito e trava o consumo de todos.
Também há um comportamento cultural importante: o brasileiro, em geral, gasta antes de ganhar. O estímulo ao consumo é imediato, reforçado por políticas públicas, campanhas publicitárias e pela própria dinâmica de crédito fácil, fazendo do planejamento financeiro algo raro.
O problema é que, sem poupança, não há investimento, e sem investimento não há crescimento sustentável. Em economia, não existe alquimia. Nenhum país se desenvolve com uma população endividada e sem capacidade de poupar. A estabilidade financeira da sua família é o alicerce da prosperidade nacional.
Incentivar o consumo pode gerar alívio momentâneo, mas o que constrói o futuro é a poupança — seja individual, empresarial ou pública. O Brasil precisa de uma mudança de cultura: mais foco no longo prazo, mais educação financeira e mais estímulos à formação de reserva. Planejar é a forma mais simples e poderosa de conquistar a liberdade.
