Em 1973, o comandante Gilberto Araújo da Silva sobreviveu ao acidente da Varig em Paris. Seis anos depois, desapareceu no Pacífico junto com o avião que pilotava e que jamais foi encontrado. Você acredita? Coincidência, destino ou tem alguém fiando essa teia aí? Diz aí, você acredita em destino?
Bom, não é incomum alguém escapar de um desastre quase por milagre e morrer pouco depois em uma tragédia semelhante. Mas por que isso acontece? Para os antigos romanos, a vida era um fio tecido, medido e cortado pelas mãos de três deusas, as Parcas. Uma fiava o fio da vida, dando origem ao nascimento. Seu nome era Nona. A outra, chamada Décima, esticava ou encurtava o fio, determinando a duração da vida. E a terceira, sem piedade, cortava o fio quando chegava a hora. Seu nome era Morta. Nada escapava às Parcas.
Mas os romanos também as chamavam por outro nome: Fata, as fadas dos contos infantis, capazes de bênçãos ou maldições. Fata vem de fatum, no latim, que tem na origem o verbo “falar”. Fatum quer dizer, literalmente, “aquilo que foi dito”. E de fatum chegamos a fate, que, em inglês, significa destino.
Pelo menos para os romanos, então, o nosso destino era uma realidade definida por decreto verbal ou, esticando um pouco o conceito, uma realidade precipitada pelas nossas próprias palavras, pelo nosso discurso, pelo nosso diálogo interior. É como se Décima, a parca que estica ou encurta o fio da vida, escutasse o que dizemos e lesse os nossos pensamentos.
Não sabemos se é assim, mas não custa guardar com carinho o que a gente diz e o que a gente pensa. Curtiu a história?
