O fim do tarifaço de 50% imposto pelo presidente Donald Trump a exportações brasileiras para os Estados Unidos pegou de surpresa os frigoríficos mineiros. A avaliação partiu do presidente do Sinduscarne/MG, Pedro Braga.
Em entrevista à 98 News, nesta sexta-feira (21/11), Braga viu com otimismo os próximos passos, após a derrubada das sanções. “É excelente retornar as compras do segundo mairo comprador de carne bovina [mineira]. Os Estados Unidos ficam atrás somente da China. Isso renova [o mercado], a gente consegue ter mais previsibilidade, [os EUA são] um consumidor que paga bem pelos produtos”.
“Os Estados Unidos têm uma capacidade melhor dep agamento, eles pagam um pouco mais caro”, explica Braga. “Para o setor é bom para recuperarmos as margens perdidas após o tarifamento, em julho”, completa. Para o presidente do Sinduscarne/MG, o momento é de retomar contatos com compradores dos EUA. “Temos que retomar o os contatos. Retornar as negociações e voltar a produzir”, detalha.
Segundo Pedro Braga, o processo exige tempo. “O início não é imediato. Cada país tem um processo produtivo, tem um um processo sanitário que tem que ser cumprido. Mas com certeza esses frigoríficos já devem abrir as negociações e voltar a fabricar essa carne americana, vamos dizer assim”.
Pedro Braga explica que, especificamente para o setor de carnes, Minas Gerais não sofreu tanto impacto com o tarifaço de Trump. O estado conta com três plantas distribuidoras para os Estados Unidos, que reverteram suas vendas para mercados como a China, durante as sanções.
“Essa carne não deixou de ser vendida. O que acontece, agora, é uma recuperação de margens [de lucro] devido ao padrão de compras americano. Se não vendêssemos carne para os EUA, o impacto calculado seria de R$ 500 bilhões”.
Trump pressionado
Para o presidente do Sinduscarne/MG, a redução da tarifa sobre a carne pode ter sido influenciada por uma queda de popularidade de Trump. “Ainda não ficou claro se o fim do tarifaço se deve a uma negociação do governo Lula ou por pressões do mercado americano. A carne bovina por lá está com máximas históricas, então isso tem pressionado a popularidade do presidente Trump”, explica. “Então isso pode ter pressionado ele a retirar [o tarifaço]”.
Desafio é ampliar o leque nos EUA
Ainda segundo Pedro Braga, o desafio agora é ampliar o número de plantas habilitadas a comercializar com os Estados Unidos. “O sindicato atua junto com as indústrias, com a Fiemg, para habilitar mais empresas. É o desafio nosso como setor, em Minas Gerais. Ampliar esse leque é de sumo interesse nosso. Temos mais plantas habilitadas a vender para a China, mas queremos fazer isso também com os Estados Unidos”.
Ampliação no mercado global
O presidente do Sinduscon ainda vê como consequência a queda de barreiras por parte de outras regiões que comercializam com o Brasil, como a União Europeia. “Com a volta dos EUA ao mercado, aliado à China, a carne brasileira vai ficar mais escassa. Então acreditamos que isso vai facilitar a venda do produto para outros mercados também. A gente acredita em um melhor trânsito no mundo para a carne brasileira”.
