O ex-prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil, afirmou que terá autonomia para escolher qual cargo disputará nas eleições de 2026 após filiar-se ao PDT. A declaração foi dada durante entrevista ao programa Café com Leite, apresentado por Paulo Leite. Ao longo da conversa, Kalil abordou o cenário político estadual e nacional, defendeu um modelo pragmático de gestão pública e voltou a falar sobre sua atuação na pandemia.
Filiação ao PDT: ‘Eu só quero autonomia’
Kalil afirmou que só aceitou o convite para entrar no PDT após receber a garantia de que poderia escolher livremente qual cargo pretende disputar em 2026. “Eu só iria para uma sigla se tivesse autonomia em Minas para escolher o cargo que eu iria disputar”, disse.
Segundo Kalil, o PDT foi escolhido por ter história no país e por não adotar radicalismos. Ele citou a tradição do partido e a herança de Leonel Brizola. “É o mesmo PDT do Brizola. Tem história. É leve e não assume radicalismo.”
Governo de Minas em 2026: preferência já existe
Questionado sobre qual cargo pretende disputar, Kalil afirmou que pode concorrer ao governo ou ao Senado, mas não escondeu a preferência. “Pode ser o governo e pode ser o Senado. Na minha preferência, governo.”
Ele reforça que autonomia foi condição para a filiação. “Não queria ser obrigado a ser candidato ao Senado ou ao governo. Eu queria poder decidir.”
Direita e esquerda: ‘Rótulos vazios’
Kalil criticou o uso superficial dos termos “direita” e “esquerda” no debate político brasileiro. “Essa coisa de direita e esquerda virou rótulo vazio. Ninguém sabe nem do que está falando”, disse.
Para ele, gestão pública não deve ser ideologizada. “Se cuidar de pobre e da escola é ser de esquerda, então eu sou de esquerda. Se modernizar estrada com pedágio é ser de direita, então eu sou de direita.”
Modelo de gestão: poder público decide, setor privado executa
Kalil defendeu que atividades operacionais e de suporte em escolas e hospitais possam ser executadas pela iniciativa privada, deixando o governo responsável pelas decisões estratégicas.
“Quem define educação e saúde é o poder público. Quem limpa banheiro, faz portaria e compra insumo pode ser a iniciativa privada.” Ele resumiu seu método de gestão: “Gestão não é cercar de amigos. Amigo é para tomar cerveja. Para trabalhar, é gente competente.”
Pandemia: ‘Sabia que podia estar errado, mas decidi’
Kalil lembrou que Belo Horizonte foi uma das primeiras capitais a adotar medidas rígidas contra a Covid-19 e disse que tomou decisões baseado em especialistas. “Eu falei para os médicos: eu vou fazer o que vocês orientarem. Doença quem trata é médico.”
Ele relatou a pressão social e política: “Eu tinha buzinaço todo dia na porta da minha casa. Achei que tinha acabado politicamente.” Hoje, diz ter certeza de que acertou. “Foi duro decidir sem saber se estava certo. Hoje eu sei que acertei.”
Governo Lula: crítica ao tamanho do Estado
Kalil avaliou o governo federal como “social, porém gastador”. Ele defende que benefícios sociais não podem se tornar dependência permanente. “É um governo com lado social, mas exagerando na gastança. Estado inchado, vale para tudo.”
Sobre o impacto no mercado de trabalho: “Tem bar na beira da estrada que não consegue contratar. Benefício tem que ser temporário. Não pode virar meio de vida.”
Governo Zema: obras paradas e propaganda excessiva
Kalil foi duro ao avaliar o governador Romeu Zema. Para ele, falta entrega concreta, especialmente em infraestrutura. “Fazer obra é foda. Não é problema de dinheiro. É competência.”
Sobre a promessa de geração de empregos atribuída ao governo: “Quem gera emprego é o empresariado, não o governo com estrada esburacada.”
Privatização da Copasa: alerta sobre o contrato em BH
Kalil criticou a proposta de privatizar a Copasa e fez um alerta sobre o contrato com Belo Horizonte. “O contrato da Copasa com BH acaba em 2032. Se Belo Horizonte não renovar, a Copasa não vale nada.”
Ele reforça que muitos municípios mineiros não são atendidos pela Copasa e que a companhia depende do contrato com a capital.
Situação de Belo Horizonte hoje: limpeza urbana e população de rua
Questionado sobre a situação atual da capital, Kalil disse que problemas como sujeira e aumento da população de rua exigem ação constante do poder público.
“Rua limpa é igual lagoa limpa. Tem que limpar todo dia.”
Sobre população de rua: “Não resolve. Mitiga. É de manhã, de tarde e de noite.”
Autocrítica: ‘Quero ser melhor’
Ao final da entrevista, Kalil afirmou que pretende aprimorar sua forma de atuação, mas não perderá a firmeza.“Quero aperfeiçoar minhas qualidades e amenizar meus defeitos. Governar com coração e coragem.”
Perguntado sobre a manchete que gostaria de ver em 2026, caso eleito, respondeu: “Kalil está montando um bom governo.”
