Belo Horizonte testa custeio de moradia, água e luz para pessoas em situação de rua

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Projeto Moradia Cidadã busca auxiliar pessoas em situação de rua em BH (IMAGEM ILUSTRATIVA/Tânia Rego/Agência Brasil)

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Belo Horizonte vai testar uma metodologia inovadora, a chamada Housing First, moradia primeiro em português, para auxiliar pessoas em situação de rua a retomarem suas vidas. Com aplicações de êxito em outros países, o projeto Moradia Cidadã busca apoiar a população vulnerável a superar a sobrevivência nas ruas por meio do custeio de moradia, mobiliário, despesas com água, energia elétrica e acompanhamento social. O projeto será executado com recursos federais.

Segundo a Prefeitura de BH, convênio celebrado entre o município e o Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania repassará R$ 4,5 milhões para o Moradia Cidadã. A secretaria municipal de Assistência Social e Direitos Humanos, por sua vez, será responsável por realizar chamamento público a fim de selecionar uma organização da sociedade civil para executar o projeto. Inicialmente, 100 famílias serão atendidas.

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Moradia primeiro: direito humano básico

Países como Canadá, Dinamarca, Espanha, Finlândia e França contam com iniciativas de acesso imediato à moradia para pessoas em situação de vulnerabilidade. O conceito de Housing First parte da premissa de que ter acesso à moradia é um direito humano básico. Sendo assim, tal direito não deve ser negado a ninguém, independente das circunstâncias que levaram as pessoas a tais condições.

Acesso imediato à moradia, escolha do beneficiário e autodeterminação, serviço orientado para recuperação, suporte individualizado e guiado pelo beneficiário e integração social e comunitária. Estes são os cinco princípios básicos do Housing First.

Censo Pop de Rua registrou 5.344 pessoas em situação de rua em BH
(Prefeitura de BH/Divulgação)

“Trata-se de um projeto que possui metodologia inovadora, buscando garantir que as pessoas que estão em situação de rua superem essa condição a partir do acesso a moradia de maneira digna e apoiada por um conjunto de ações de políticas públicas intersetoriais”, explica a diretora de Políticas para a População em Situação de Rua, Migrantes e Refugiados, Alice Brandão. Segundo conta, as ações do Moradia Cidadã serão facilitadas pelo acompanhamento especializado de uma equipe interdisciplinar.

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O acesso à moradia é o pontapé para novas possibilidades. O projeto prevê que, após o acesso a um lugar para morar, os beneficiários também terão acesso a outras demandas, entre elas saúde, trabalho e renda, justiça, além do fortalecimento das relações sociais e familiares. Alice Brandão diz que a expectativa é de bons resultados.

“O Censo Pop Rua demonstrou que o principal motivo atribuído pelas pessoas em situação de rua entrevistadas para a superação dessa condição é o acesso à moradia e trabalho, e é neste sentido que o projeto pretende atuar. Além do acesso à moradia, o projeto também será articulado ao atendimento da saúde, trabalho e demais políticas públicas. Trata-se de um projeto piloto que traz um olhar inovador para a PBH. No último ano estudamos e conhecemos diversas experiências nacionais e internacionais, e a expectativa é de bons resultados”, detalha.

Perfil da população em situação de rua em BH

Realizado pela UFMG em 2022, a pedido da Prefeitura de BH, o Censo Pop Rua traçou o perfil das pessoas em situação de rua na capital mineira e as razões que as fizeram perder ou abandonar suas moradias. Confira o perfil da população de rua na cidade:

👤 Gênero e Idade

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84% são homens, com média de 42,5 anos;
16% são mulheres, com média de 38,9 anos;

🕰️ Tempo nas ruas

Tempo médio de permanência: 11 anos

🧩 Motivos que levaram à situação de rua

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36,7% – Problemas familiares;
21,9% – Uso de álcool e outras drogas;
18% – Desemprego;

🎯 Desejos e obstáculos para sair das ruas

91,4% querem deixar as ruas;
55,3% apontam a falta de moradia como barreira principal;
55% citam falta de acesso a trabalho assalariado;
27% veem os benefícios de transferência de renda como caminho;
17% acreditam em educação e formação profissional como solução;
14,8% priorizam cuidados com a saúde;

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🧑🏾‍🦱 Raça/Cor

82,6% são pardos ou pretos

🌍 Origem

58,5% não são naturais de BH;
34,5% vieram do interior de Minas Gerais;
23,2% de outros estados;
0,8% de outros países;

📍 Distribuição geográfica

Regiões Centro-sul e Leste concentram mais da metade da população de rua.

Quem vai participar do Moradia Cidadã?

Inicialmente, o projeto terá como referência para a seleção de público o mapeamento já previamente realizado juntamente com os serviços da assistência social, às pessoas/famílias que estão em situação de rua nas regiões que estão sendo foco do ‘Programa de revitalização da cidade – Centro de Todo Mundo’. Esse público já foi ou está sendo abordado e/ou atendido por estes serviços, e que também já realizou ou está realizando o cadastramento para o Programa Bolsa Moradia/Locação Social.

Seleção da Organização da Sociedade Civil

As organizações interessadas em participar do Chamamento Público devem apresentar propostas até 4 de maio. As consultas relacionadas ao edital devem ser feitas entre 4 e 11 de abril, por meio do e-mail [email protected].

Bolsa Moradia

Atualmente, o município de Belo Horizonte possui o programa habitacional Bolsa Moradia e prevê a oferta do benefício no valor de R$800,00, transferido diretamente para os usuários para arcar especificamente com despesas de aluguel, conforme Decreto Municipal no 11.375 de 2 de julho de 2003. O programa é operado pela Urbel e, considerando que parte do público beneficiário é composto por pessoas em situação de rua, cabe à SMASDH a indicação de público para concessão dos benefícios, além do acompanhamento dessa população através do referenciamento nos equipamentos socioassistenciais, como CRAS e CREAS.

Com PBH

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Roberth R Costa

Atuo há quase 13 anos com jornalismo digital. Coordenador Multimídia. Rede 98 | 98 News

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