A FIEMG, federação que representa a indústria de Minas Gerais, recebeu com cautela o anúncio do fim da tarifa extra de 40% aplicada pelos Estados Unidos sobre determinados produtos brasileiros. Em entrevista exclusiva ao Meio-Dia em Pauta, da 98 News, o presidente da entidade, Flávio Roscoe, afirmou que a medida atende, sobretudo, a uma necessidade do próprio mercado norte-americano, e não a uma negociação equilibrada entre os dois países.
Segundo Roscoe, setores como o café e a carne, bastante relevantes para Minas, tendem a ser beneficiados de forma mais imediata, já que a demanda externa segue aquecida e a sobretaxa encarecia principalmente o produto para o consumidor americano. Já a indústria, no entanto, ainda encara o cenário com apreensão, pois os itens industrializados permanecem em desvantagem na disputa com concorrentes de outros países.
O dirigente destacou que, durante a vigência do tarifaço, outros mercados, especialmente o chinês, aproveitaram o espaço aberto pela perda de competitividade brasileira e avançaram sobre nichos importantes. Na avaliação dele, o recuo parcial dos EUA não recompõe automaticamente essa perda de espaço e exige uma estratégia mais firme do Brasil para recuperar participação.
Roscoe defendeu um aprofundamento do diálogo entre Brasil e Estados Unidos, com foco em um acordo mais amplo e equilibrado. Até aqui, ele avalia que as decisões foram unilaterais por parte do governo americano, retirando sobretaxas apenas de produtos que interessam diretamente à economia dos EUA, sem contemplar de forma consistente os segmentos industriais brasileiros.
Por fim, o presidente da FIEMG lembrou que o chamado “custo Brasil” segue como um dos principais entraves à competitividade da indústria: logística cara, alta carga tributária, energia onerosa, burocracia e demora em licenças ambientais. Na visão de Roscoe, esses fatores encarecem o produto nacional, reduzem o poder de compra da população e, somados às barreiras externas, mantêm a indústria em clara desvantagem no mercado global.
