A sigla GLO, que significa Garantia da Lei e da Ordem, entrou entre os assuntos mais pesquisados no Google nesta quarta-feira (29/10), após a megaoperação contra o crime organizado no Rio de Janeiro. Mas o que exatamente esse termo quer dizer?
A GLO é uma operação prevista na Constituição que autoriza o emprego das Forças Armadas, como Exército, Marinha e Aeronáutica, em ações de segurança pública em situações excepcionais. Esse mecanismo pode ser usado quando há esgotamento das forças policiais locais, por exemplo.
Dessa forma, os militares passam a ter autonomia necessária para que atuem com poder de polícia, por tempo determinado, em área previamente definida, desde que estejam “esgotados os instrumentos destinados à preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio”.
Desde 1992, já foram realizadas mais de 140 missões de GLO no país, boa parte delas voltada para preservação da segurança pública em três situações específicas: greves de policiais militares, grandes eventos e processos eleitorais.
Segundo o governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro, ao governo federal negou três pedidos de empréstimo de blindados das Forças Armadas para operações policiais no estado. “Para emprestar o blindado, tinha que ter GLO, e o presidente é contra a GLO”, declarou Castro.
O ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, disse que nenhum pedido formal de GLO foi feito por parte do governo do Rio de Janeiro.
Modelo de operação recorrente
O professor e ex-secretário adjunto de Segurança Pública de Minas Gerais, Luiz Flávio Sapori, avaliou que não há justificativa para o uso de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) na operação deflagrada no Rio de Janeiro nesta semana contra o Comando Vermelho. Em entrevista à 98 News, nesta quarta-feira (29/10), ele disse que o modelo adotado pelo governo fluminense repete um padrão de enfrentamento antigo, marcado pela violência e pela ausência de estratégia territorial.
“Na forma como ocorreu essa operação, não faz sentido falar em GLO. Ficou claro que o governo do estado, sob a liderança do governador Cláudio Castro, não fez questão da participação do governo federal”, afirmou Sapori.
O professor destacou que o objetivo da ação foi o confronto direto com o crime, sem planejamento de ocupação permanente das áreas.
“Esse modelo de operação é recorrente na história do Rio de Janeiro há 30 ou 40 anos. A diferença, neste caso, foi a magnitude. Nunca houve uma operação policial com tamanha dimensão e tantas vítimas. Os números atualizados indicam que o total de mortos deve ultrapassar 100 pessoas”, disse.
