O presidente do Ceasa Minas, Hideraldo Henrique Silva, esteve nos estúdios da 98 News nesta segunda-feira (9/6) e detalhou as ações da companhia para os próximos anos, com foco em modernização, apoio à agricultura familiar e soluções logísticas. Um dos principais avanços recentes, segundo ele, foi a entrega do planejamento estratégico da central, elaborada em parceria com a FIA-USP (Fundação Instituto de Administração).
“No dia 28 de fevereiro, entregamos em parceria com a FIA da USP o planejamento estratégico da nossa central de abastecimento para os próximos 4 anos. E isto vai trazer modernidade, gestão profissional e assim nós poderemos evoluir, crescer e modernizar”, afirmou.
Hideraldo destacou a importância do Ceasa Minas no abastecimento nacional. “Nós representamos 15% de tudo que se come, tudo que se põe na mesa do brasileiro hoje”, disse. Ele apontou que o foco é garantir segurança alimentar para a população, com preços justos tanto para produtores quanto para consumidores.
Agricultura familiar como pilar do abastecimento
A maior parte dos alimentos que chegam às centrais, segundo o presidente, vem da agricultura familiar, responsável por 80% da produção nacional. “Esse é o setor que mata a fome do brasileiro, é o que chega nas nossas mesas”, afirmou.
Sobre os desafios para manter a sucessão no campo, Hideraldo citou como exemplo um projeto implantado quando era prefeito de Boa Esperança. “Nós criamos a escola Agro em duas comunidades rurais (…) além da grade curricular normal, nós criamos a preparação desses jovens, crianças e jovens para a sucessão familiar na propriedade rural”, contou. “Recebi depoimentos de pais que os filhos melhoraram dentro de casa e se empenharam muito mais.”
Logística e estrutura
As dificuldades logísticas enfrentadas por pequenos produtores também foram abordadas durante a entrevista. “É uma dificuldade enorme”, resumiu. A saída, segundo ele, é fortalecer o cooperativismo. “É a única forma que nós podemos receber produtos com qualidade, valorizando esse agricultor.”
Sobre as condições das estradas e os impactos dos pedágios, o presidente do Ceasa ponderou: “As concessões têm que acontecer, porém os preços têm que ser justos. Às vezes há um exagero na cobrança.”
Hideraldo defendeu a ampliação do transporte ferroviário como alternativa ao modal rodoviário. “Nós temos que investir. O Brasil tem que investir no transporte ferroviário porque o custo cai demais”, disse. “É isso que favorece para chegar a um preço melhor ao consumidor e desenvolve melhor também o próprio país.”
Infraestrutura e pacto federativo
O presidente do Ceasa também comentou a transferência da gestão do Anel Rodoviário para a Prefeitura de Belo Horizonte e o projeto do Rodoanel. “Nunca é o suficiente. Como eu já disse, nós estamos errando novamente investindo em transporte rodoviário”, afirmou.
Ele alertou sobre os impactos do pacto federativo nos municípios. “Os entes federados costumam só passar o ônus para os municípios. Nada de bônus. Os municípios só ficam com o que sobra.”
Monitoramento e tecnologia
Hideraldo anunciou ainda a implantação do “Smart Ceasa”, inspirado em modelo de São Paulo. “Será uma novidade em Minas Gerais (…), com monitoramento com câmera, com drones, reconhecimento facial, uma modernidade que está dentro do planejamento estratégico”, disse. A previsão é que o sistema entre em funcionamento no segundo semestre.