O presidente dos Correios, Emmanoel Rondon, afirmou que a primeira fase do plano de reestruturação da estatal é recuperar o caixa até março de 2026. “Por isso a gente vem falando nas últimas semanas da captação de recursos”, declarou. De acordo com Rondon, sem intervenção, o resultado seria de R$ 23 bilhões de prejuízo em 2026. “A correção de rota precisa ser feita de forma rápida”, destacou,
Rondon afirmou que o plano tem revisão da governança, metas para funcionários e reconhecimento por performance. Já o empréstimo de R$ 12 bilhões com cinco bancos (Itaú Unibanco, Bradesco, Santander, Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal), assinado ontem, “vai permitir adimplência, recuperar qualidade da operação e retomar confiança”, segundo o presidente da empresa.
Rondon disse que em 2026 e 2027 será colocada em prática a fase de reorganização. O plano terá revisão de pessoal, parcerias, redesenho de operações e gestão de ativos. De acordo com o presidente da estatal, a expectativa é que essa fase tenha impacto positivo de R$ 7,4 bilhões.
O pronunciamento foi feito em coletiva de imprensa realizada nesta segunda-feira, 29, para detalhar o plano de reestruturação da estatal, que acumulava prejuízo superior a R$ 6 bilhões entre janeiro e setembro de 2025 e déficits recorrentes desde 2022, que já ultrapassam R$ 10 bilhões.
Déficit estrutural de R$ 4 bilhões anuais
O presidente dos Correios, Emmanoel Rondon, afirmou que a empresa enfrenta déficit estrutural de mais de R$ 4 bilhões anuais por conta do cumprimento da universalização do serviço postal em locais remotos. De acordo com ele, 90% das despesas da estatal tem perfil fixo, e a folha de pagamento dos funcionários corresponde a 62% do total.
As declarações também foram feitas na coletiva de imprensa realizada para detalhar o plano de reestruturação da estatal, que acumula prejuízo superior a R$ 6 bilhões entre janeiro e setembro de 2025 e déficits recorrentes desde 2022, que já ultrapassam R$ 10 bilhões.
Rondon disse ainda que houve um ponto de inflexão no modelo tradicional de correios em 2016, quando as encomendas passaram a ter uma relevância maior como fonte de receita do que as cartas. “O modelo tradicional de correios sofreu essa inflexão que isso é uma coisa que aconteceu também no resto do mundo, não é só aqui no Brasil”, afirmou.
“Essa mudança do ambiente fez com que o modelo de financiamento da companhia ficasse inviável, então o monopólio de cartas em centros urbanos ou em locais que geravam rentabilidade passou a não ser suficiente para financiar as comunicações físicas que estão ligadas à universalização do serviço postal em locais remotos ou locais que são originalmente deficitários”, disse o presidente da estatal.
Não há hoje olhar de privatização, mas de parcerias, diz Rondon
Na coletiva, Rondon afirmou que está em contratação uma consultoria externa para avaliar possibilidades para o futuro, inclusive de arranjos societários. “Estamos bem abertos para parcerias, precisamos esperar trabalho da consultoria externa”, declarou. Ele também disse que há uma consultoria sendo contratada para tratar da questão de precatórios.
“Hoje não tem o olhar sobre privatização, mas tem o olhar sobre parcerias, inclusive societárias. Tem exemplos de sociedade economia mista, funciona. Tem exemplos em que não há sociedade economia mista, mas há parcerias específicas para temas relevantes, como negócios financeiros e seguridade. A gente também está enxergando dessa forma. O que a gente espera que a consultoria nos traga são estudos que casem com a realidade da empresa no contexto que a gente está”, declarou Rondon.
O presidente da estatal também afirmou que a terceira fase do plano de reestruturação da estatal vai focar no crescimento e modernização. “A terceira fase é para a gente preparar a companhia para um novo rito, dentro de um novo modelo de negócio, uma modernização da sistemática de negócio, para que a gente tenha sustentabilidade em médio e longo prazo”, declarou. As primeiras duas fases são de recuperação de caixa e reorganização.
