Com as expectativas de inflação acima da meta, pressionadas pela demanda elevada, o Comitê de Política Monetária (Copom) prevê um “período prolongado” de manutenção da taxa básica de juros (Selic) em 15% ao ano. A avaliação consta da ata divulgada nesta terça-feira (24/06) pelo Banco Central.
O economista da 98 News, Gustavo Andrade, analisou o cenário econômico atual. Segundo ele, a defasagem da política monetária explica a decisão do Copom. “O que o Banco Central está fazendo é o seguinte: “Vou parar agora, considerando que meu cenário está se cumprindo, justamente para medir se, ao manter a Selic em 15%, consigo desacelerar a economia. Se isso acontecer, vou acompanhar as expectativas de inflação e, caso elas convirjam para a meta, estarei fazendo um bom trabalho”. Mas é importante ter cuidado: parar de subir os juros é muito diferente de começar a cortar. Isso ainda deve demorar bastante, como o próprio BC deixou claro nos documentos”, destacou.
A recente alta da Selic, de 0,25 ponto percentual — de 14,75% para 15% ao ano — deve, portanto, ser interrompida para que o comitê avalie se o nível atual da taxa, mantido por um período prolongado, será suficiente para garantir a convergência da inflação à meta.
Segundo o Copom, os núcleos de inflação seguem há meses acima do patamar considerado compatível com o cumprimento da meta. Essa situação reforça a avaliação de que a inflação permanece pressionada pela demanda, exigindo uma política monetária contracionista por mais tempo.
“O comitê tem repetido muito duas palavras: flexibilidade e cautela. Isso para conseguir absorver melhor qualquer choque inesperado, seja na economia local, seja na global. Um exemplo são eventuais variações no preço do petróleo, que podem gerar um repasse mais forte para a gasolina ou afetar outros componentes de energia, principalmente alimentos. O Banco Central está se resguardando contra possíveis pressões altistas”, ponderou Gustavo Andrade.