O tarifaço de 50% sobre produtos brasileiros, anunciado pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, pode ter impacto limitado sobre o PIB do Brasil, mas tende a atingir com força setores específicos da economia. A avaliação é do economista-chefe da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), João Gabriel Pio.
Segundo estimativa da entidade, o efeito direto da medida seria de uma redução de 0,4% no PIB no curto prazo — entre um e dois anos. Já no longo prazo, entre cinco e dez anos, o impacto pode chegar a 1,5%. “Com o tempo, a economia tende a se reestruturar, tornando-se mais eficiente, o que justifica essa diferença”, afirmou Pio.
Embora o impacto total pareça modesto, isso ocorre porque as exportações brasileiras para os Estados Unidos representam cerca de 12% do total e equivalem a 1,7% do Produto Interno Bruto (PIB). Na avaliação do economista, o efeito real da tarifa é mais visível quando se observa o desempenho de setores específicos.
“Alguns segmentos certamente serão mais afetados, como o de máquinas e equipamentos, a siderurgia e, no caso de Minas Gerais, a produção de café”, destacou. Também devem sentir os efeitos da tarifa setores como o de carnes e o de laranja, com impacto mais forte em estados como São Paulo.
Na prática, a medida proposta por Trump tende a gerar desequilíbrios em cadeias produtivas estratégicas para o país. Para Pio, o efeito sobre os setores exportadores exige atenção especial por parte do governo e da indústria brasileira.