Ao vivo

302 anos de Minas Gerais: como a cerveja chegou aqui?

Por

Siga no

Juliana Gouthier | Jornal Pampulha

302 anos, em 2 de dezembro de 1720, a Capitania de São Paulo e Minas do Ouro era desmembrada pela Cora Portuguesa, com esse desmembramento foi criada a Capitania de Minas Gerais e assim foi a origem do nosso estado. Seguindo o curso da história, Minas foi pioneira em vários aspectos, nas revoluções contra Portugal, no desenvolvimento da indústria e do comércio, na exploração de recursos minerais, na gastronomia, e também na produção de cerveja.

Para chegar em Minas Gerais a cerveja veio de Portugal, passando é claro pelo Rio de Janeiro. Apesar dos portugueses não terem uma cultura cervejeira muito forte eles tinham acesso a bons rótulos da bebida por estarem na Europa, sabendo disso comerciantes cariocas trocavam com os europeus Vinho do Porto por cerveja e traziam para o Brasil via navio.

CONTINUA APÓS A PUBLICIDADE

Para esses comerciantes era vantajoso trazer a cerveja pois, como era mais barata que o vinho, era possível trazer um volume maior, portanto mais produto a ser comercializado por aqui. Como havia muitos imigrantes e descendentes vindos de países tradicionalmente cervejeiros, vender essa bebida por aqui era fácil.

No início dos anos 1800, já existia esse comércio bem estabelecido e, pela proximidade com o Rio, a região onde hoje fica a cidade de Juiz de Fora também recebia carregamentos da bebida. Nos anos 1850 essa região recebeu os seus primeiros imigrantes Alemães que vieram para trabalhar nas obras da estrada que ligava Petrópolis à Zona da Mata.

Já em 1861 o número de Alemães e descendentes era expressivo e por isso foi instalada nessa cidade a primeira cervejaria de Minas Gerais, a Cervejaria Barbante, o seu fundador era o Alemão Sebastian Kunz e para sua produção o milho era a matéria prima utilizada pois era difícil importar malte de cevada. Fato interessante é que a fábrica recebeu esse nome por conta do barbante que amarravam as tampinhas, bem rudimentares, que fechavam as garrafas.

Foto: Cervejaria Barbante

Naquela época pouco se conhecia sobre a fermentação das cervejas e os produtores perceberam que aqui no Brasil esse processo era mais intenso. Para impedir que as garrafas estourassem com o gás da fermentação foi necessário esse reforço das tampas. A cervejaria acabou fechando no início dos anos 1900 e foi reaberta em 2008 por descendentes de Herr Kunz, um resgate da história da cerveja mineira.

Pouco tempo depois, em 1867, surge a segunda cervejaria de Juiz de Fora Kremer & Cia. que era uma espécie de filial da Augusto Kremer & cia., da cidade de Petrópolis, que futuramente se tornou a famosa Imperial Fábrica de Cerveja. No final dos anos 1880 Juiz de Fora era um grande centro de produção de tecidos, os equipamentos das fábricas de tecelagem eram importados da Alemanha e além daqueles trabalhadores vindos anteriormente para trabalhar nas estradas, novas levas de imigrantes desse país continuavam a chegar para operar e cuidar das máquinas têxteis alemãs.

Com toda essa concentração de alemães Juiz de Fora se tornou o maior centro cervejeiro do país, entre 1880 e 1890 existiam ali mais de 30 cervejarias de pequeno e médio porte. Vale também um destaque para Nova Lima que no século XIX recebeu muitos imigrantes ingleses e italianos por conta da mineração do ouro. Não existem muitos registros antigos de cervejarias próximos a Nova Lima, mas sabe-se que muitos ingleses faziam cerveja em casa, estilos do Reino Unido eram bem comuns entre esses imigrantes e seus descendentes.

Com a fundação de Belo Horizonte, uma cidade planejada, os irmãos Fornaciari foram convidados a transferir a cervejaria que eles possuíam em Nova Lima para a nova cidade, foi doado a eles o terreno para a fábrica e a energia elétrica para rodar o projeto. Então a primeira fábrica de cerveja de BH, chamada Rheniana, foi instalada onde hoje é o Shopping Oiapoque, ao lado de onde era a Usina Hidrelétrica do Rio Arrudas, de onde saía a energia elétrica oferecida pelos idealizadores da cidade. A construção conhecida hoje foi depois a fábrica da Antárctica, a cervejaria paulista que comprou a antiga produtora de cerveja.

Foi na região próxima à primeira cervejaria de BH que surgiu a tradição da cidade de ser a Capital dos Bares; como muitos trabalhadores de fora vieram sozinhos, sem familiares, era um hábito passar em um barzinho após o trabalho e antes de ir para casa. Muitos trabalhadores da nova capital moravam na região central e na região da Lagoinha e por ali se concentravam inúmeros bares e restaurantes.

Siga no

Webstories

Webstories

Mais de Entretenimento

Feirinha Aproxima terá edição especial no Dia Internacional da Mulher

‘Estado aumentou em 20 vezes o investimento em merenda escolar em Minas’, afirma Mateus Simões

Espetinhos do Paulão é o grande vencedor do Comida di Buteco 2024

Comida di Buteco 2024 divulga lista dos bares participantes; veja quais são!

Primeira vez em BH? Dez lugares que você precisa visitar na capital dos bares!

A melhor IPA do Brasil é de BH

Últimas notícias

Cruzeiro empata jogo-treino com o Botafogo no Rio de Janeiro

Autor do gol de honra do América na final, Jonathas anuncia aposentadoria do futebol

‘Não sei o que é perder o Campeonato Mineiro’, celebra o hexacampeão Guilherme Arana

É hexa! Atlético faz história e conquista sexto mineiro seguido

Atlético provoca Cruzeiro após conquista do hexa: ‘O sexto sem títulos’

Hulk supera Tostão e é artilheiro quatro vezes seguidas do Mineiro

Torcida do Atlético grita ‘hexacampeão’ antes de a bola rolar na final do Mineiro

Redemocratização: Lula destaca papel de Sarney nos 40 anos do fim da ditadura

Papa Francisco completa um mês de internação sem previsão de alta